Emília Savana da Silva Borba
(Rio de Janeiro/RJ, 31 de agosto de 1923)
(Rio de Janeiro/RJ, 03 de outubro de 2005).
Emilinha Borba foi uma cantora de samba, marcha, choro e atriz brasileira. Emilinha é considerada uma das mais populares intérpretes do século XX no Brasil. Emilinha Borba, nasceu no bairro da Mangueira. Era filha de Eugênio Jordão Borba e Edith da Silva Borba. Ainda menina e contrariando um pouco a vontade de sua mãe, Emilinha se apresentava em diversos programas de auditório e de calouros. Emilinha Borba ganhou seu primeiro prêmio, aos catorze anos, na "Hora Juvenil", da “Rádio Cruzeiro do Sul”. Emilinha Borba cantou também no programa "Calouros de Ary Barroso", obtendo a nota máxima ao interpretar "O X do Problema" de Noel Rosa. Logo depois, começou a fazer parte dos coros das gravações da "Columbia". Emilinha formou, na mesma época, uma dupla com Bidú Reis (Edila Luiza Reis), chamada “As Moreninhas”. A dupla se apresentou em várias rádios, durante cerca de um ano e meio. Logo depois, a dupla gravou para a "Discoteca Infantil" um disco em 78 RPM com a música "A História da Baratinha", numa adaptação de João de Barro. Desfeita a dupla, Emilinha passou a cantar sozinha e foi logo contratada pela “Rádio Mayrink Veiga”, recebendo de César Ladeira o slogan "Garota Grau Dez”. Emilinha Borba foi convidada por Braguinha para participar da gravação da marcha “Pirulito” cantada por Nilton Paz, sendo que no disco seu nome não foi creditado, apenas o do cantor. Emilinha Borba grava, pela "Columbia" com o nome de Emília Borba, seu primeiro disco solo em 78 RPM, com acompanhamento de Benedito Lacerda e seu conjunto, com o samba-choro “Faça o Mesmo” de Antônio Nássara e Eratóstenes Frazão e o samba “Ninguém Escapa” de Eratóstenes Frazão. Emilinha foi levada por sua madrinha artística, Carmen Miranda, de quem sua mãe era camareira, para fazer um teste no “Cassino da Urca”. Por ser menor de idade resolveu alterar a mesma para alguns anos a mais. Além disso, Carmen Miranda emprestou-lhe um vestido e sapatos plataforma. Aprovada pelo empresário Joaquim Rolla proprietário do “Cassino da Urca”, Emilinha foi contratada e passou a se apresentar como crooner, se tornando, logo em seguida, uma das principais atrações daquela casa de espetáculos. Emilinha Borba atuou no filme "Banana da Terra", de Alberto Bynton e Rui Costa. O filme contava com um grande elenco, Carmen Miranda, Aurora Miranda, Dircinha Batista, Linda Batista, Almirante, Aloysio de Oliveira, “Bando da Lua”, Carlos Galhardo, Castro Barbosa, Oscarito e Virgínia Lane, a "Vedete do Brasil". Emilinha Borba gravou com acompanhamento de Radamés Gnattali e sua orquestra os sambas "O Cachorro da Lourinha" e "Meu Mulato Vai ao Morro", da dupla Gomes Filho e Juraci Araújo. Nesse ano, apareceu nos filmes "Laranja da China" de Rui Costa e "Vamos Cantar” de Leo Marten. Emilinha Borba assinou contrato com a “Odeon”, gravadora onde sua irmã, a cantora Nena Robledo, casada com o compositor Peterpan já era contratada. Já com o nome de Emilinha Borba, lançou os sambas "Quem Parte Leva Saudades" de Francisco Scarambone e "Levanta José" de Haroldo Lobo e Valdemar de Abreu. Emilinha gravou ainda um segundo disco na “Odeon” com o samba "O Fim da Festa" de Nélson Teixeira e Nélson Trigueiro e a marcha "Eu Tenho um Cachorrinho" de Georges Moran e Osvaldo Santiago. Emilinha Borba foi contratada pela “Rádio Nacional” do Rio de Janeiro, se desligando meses depois. Depois, Emilinha Borba retornou ao "cast" daquela emissora, se firmando a partir de então e durante as quase três décadas que lá permaneceu contratada, como a "Estrela Maior" da emissora "PRE-8", a líder de audiência. Na emissora, Emilinha atingiu o ápice de sua carreira artística, se tornando a cantora mais querida e popular do país. Emilinha Borba teve participação efetiva em todos os seus programas musicais, bem como, foi a campeã absoluta em correspondência até quando durou a pesquisa naquela emissora. O cineasta norte-americano Orson Welles estava filmando no Brasil, o documentário inacabado "It's All True" (Tudo é Verdade). Na época, Linda Batista era a cantora mais popular do Brasil e a estrela absoluta do “Cassino da Urca”, de onde Orson Welles não saía. Enquanto permanecia no Rio de Janeiro em farras e bebedeiras, Welles inicia um romance com Linda Batista. Até que coloca os olhos em Emilinha Borba, já com postura de futura estrela. O cineasta não perdoa a pouca idade de Emilinha, nem o fato de ela namorar o cantor Nilton Paz. Começa a assediá-la, prometendo levá-la para Hollywood. Também enviava-lhe agrados e bilhetes em que se dizia o "Rei do Café". Linda Batista, ao saber o que estava acontecendo, descarregava suas frustrações na mãe de Emilinha, camareira no “Cassino da Urca”, humilhando-a sempre que podia. Até que um dia, Linda cerca Emilinha nos bastidores, dá-lhe alguns tapas e rasga seu melhor vestido com o qual ela se apresentaria dali a pouco. Orson Welles deixou Emilinha em paz, e voltou para os Estados Unidos. Mas, desde essa época, Linda e Emilinha nunca mais se deram bem. Segundo Jorge Goulart, Linda Batista usava de todo o seu prestígio como estrela absoluta do “Cassino da Urca” para dificultar a ascensão de Emilinha Borba naquele espaço. Emilinha Borba já era a maior estrela da “Rádio Nacional”, mas as irmãs Linda Batista e Dircinha Batista eram também muito populares e as vencedoras, por anos consecutivos, do concurso para “Rainha do Rádio”. Este torneio era coordenado pela “Associação Brasileira de Rádio”, sendo que os votos eram vendidos com a “Revista do Rádio” e a renda era destinada para a construção de um hospital para artistas. Neste ano, Emilinha gravou a marcha "Chiquita Bacana" - primeiro lugar nas paradas de sucesso - e passou a ser considerada a vencedora do concurso. Entretanto, Marlene, uma cantora novata apareceu e venceu o concurso de forma espetacular. Para tal, recebeu o apoio da “Companhia Antarctica Paulista”. A empresa de bebidas estava prestes a lançar no mercado um novo produto, o Guaraná Caçula, e, atenta à popularidade do concurso, pretendiam usar a imagem de Marlene, “Rainha do Rádio”, como base de propaganda de seu novo produto, dando-lhe, em troca, um cheque em branco, para que ela pudesse comprar quantos votos fossem necessários para sua vitória. Assim, Marlene foi eleita. Desse modo, originou-se a famosa rivalidade entre os fãs de Marlene e Emilinha Borba, uma rivalidade que, de fato, devia muito ao marketing e que contribuiu expressivamente para a popularidade espantosa de ambas cantoras pelo país. Emilinha finalmente foi coroada como “Rainha do Rádio”, unicamente com o apoio popular. A quantidade de votos que lhe deu a vitória era maior que a das outras concorrentes somadas. Os concursos populares, que servem como termômetro de popularidade do artista, sempre foram constantes, e das pesquisas realizadas, na fase áurea do rádio, 99,9% deram vitória a Emilinha Borba, tornando-a a artista brasileira que possivelmente possui mais títulos, troféus, faixas e coroas. Nas edições da "Revista do Rádio", "Radiolândia" e do jornal "A Noite", Emilinha se comunicava com seus fãs, amigos e leitores desses órgãos da imprensa, através de colunas como “Diário da Emilinha”, “Álbum da Emilinha”, “Emilinha Responde” e “Coluna da Emilinha”. O simples anúncio de sua presença em qualquer cidade ou lugarejo do país era feriado local e Emilinha simbolicamente recebia as chaves da cidade e desfilava em carro aberto pelas principais ruas e avenidas sendo aplaudida, ovacionada e acarinhada pelos habitantes e autoridades da localidade. Devido ao enorme sucesso após o seu terceiro espetáculo realizado no “Teatro Santa Rosa” em João Pessoa na Paraíba, Emilinha Borba teve que cantar em praça pública junto ao “Cassino da Lagoa”, para um incalculável público, só comparado aos dos comícios de Luiz Carlos Prestes ou Getúlio Vargas. Emilinha foi a primeira artista brasileira a fazer uma longa excursão pelo país com patrocínio exclusivo. O laboratório “Leite de Rosas” até então investia em artistas internacionais - como a orquestra de Tommy Dorsey - e contratou e patrocinou Emilinha por três meses consecutivos em excursão pelo Norte e Nordeste. Sua foto era obrigatória nas capas de todas as revistas e jornais do país. Na "Revista do Rádio" semana era ela, na seguinte outro artista e na posterior ela novamente. Emilinha Borba foi a personalidade brasileira que maior número de vezes foi capa de revistas no Brasil, se calcula aproximadamente umas trezentas e cinquenta capas nas mais diversas revistas. Emilinha esteve inativa, um período, por problemas de saúde, teve edema nas cordas vocais e, após três cirurgias e longo estudo para reeducar a voz, voltou a cantar. Após vinte e dois anos sem gravar um trabalho só seu, a “Favorita da Marinha” lançou o CD "Emilinha Pinta e Borba", com participações de diversos cantores como Cauby Peixoto, Marlene, Ney Matogrosso, Luís Ayrão, Emílio Santiago, entre outros, vendendo este de forma bem popular, na Cinelândia, em contato com o público, assim como Eliana Pittman e Agnaldo Timóteo e, também lançou o CD "Na Banca da Folia", para o carnaval, com a participação do cantor Luiz Henrique na primeira faixa - “Carnaval Naval da Favorita” e de MC Serginho na quinta faixa, “Marcha-Funk da Eguinha Pocotó”, conforme informa o site “Cantoras do Brasil”. Emilinha continuou fazendo espetáculos pelo Brasil inteiro, tendo marcado presença, nos seus três últimos anos de vida, em vários estados brasileiros como Pernambuco, Ceará, Mato Grosso do Sul, São Paulo e Bahia. Sua arte, admirada e aplaudida por milhões, sempre foi em prol da cultura popular e, assim, carismática, Emilinha Borba, cuja trajetória artística, pontilhada de sucessos, personifica-se como verdadeira e autêntica representante da era de ouro do rádio brasileiro. Emilinha Borba foi hospitalizada após cair da cama e fraturar o braço direito. Algum tempo depois esteve internada após cair de uma escada e sofrer traumatismo craniano e hemorragia intracerebral. Emilinha Borba morreu de infarto fulminante, enquanto almoçava em seu apartamento.