Manuel Salustiano Soares
(Aliança/PE, 12 de novembro de 1945)
(Recife/PE, 31 de agosto de 2008).
Mestre Salustiano foi um ator, músico, compositor e artesão brasileiro. Mestre Salu foi considerado uma das maiores autoridades em cultura popular pernambucana. Mestre Salu foi homenageado pelos seus cinquenta e quatro anos de carreira e recebeu o título de “Patrimônio Vivo de Pernambuco”. Seu pai, João Salustiano era um tocador de rabeca e foi quem o ensinou a fazer e a usar o instrumento. Mestre Salu usa praíba, imburana, pinho, mulungu e cardeiro para fazer suas rabecas, pois, segundo ele, são as melhores madeiras para produzir o som. Durante a infância, Salustiano participava de brincadeiras e folguedos populares existentes nos engenhos de sua cidade, Aliança em Pernambuco. Sua grande paixão é o cavalo-marinho, que apesar de utilizar alguns personagens, músicas e coreografias comuns ao bumba meu boi, tem características próprias. Mestre Salustiano foi um dos maiores dançadores de cavalo-marinho da região, interpretando diversos personagens (arrelequim), (dama), (galante), (contador de toada), (Mateus) este, durante nove anos, recebendo por isso o título de mestre. Mestre Salustiano é considerado um dos grandes nomes do maracatu em Pernambuco, uma das maiores autoridades em cultura popular no Estado e o precursor ou “patrono espiritual” do manguebeat. Mestre Salu fundou o “Maracatu Piaba de Ouro” tendo participado com o grupo do festival de cultura caribeña, em Cuba. Mestre Salu é o comandante do cavalo-marinho (Boi Matuto) e do (Mamulengo Alegre), ambos criados por Salustiano. Mestre Salustiano também foi um artesão. Além das rabecas era ele quem confeccionava os bichos do bumba meu boi, cavalo, boi, burra, as máscaras do cavalo-marinho feitas de couro de bode ou de boi e os mamulengos de mulungu. Foi um dos grandes responsáveis pela preservação da ciranda, do pastoril, do coco, do maracatu, do caboclinho, do mamulengo, do forró, do improviso da viola e de outros folguedos populares do folclore nordestino. Atualmente na "Casa da Rabeca do Brasil", situada na cidade Tabajara, em Olinda, espaço inaugurado para apresentações de danças, oficinas, encontros de maracatus rurais e cavalo-marinho, além de shows de música regional, acontecem eventos o ano inteiro. Anteriormente, as apresentações eram organizadas no Iluminara Zumbi, arena idealizada por Ariano Suassuna durante sua gestão como secretário de cultura. O espaço possui um grande terreiro para as diversas apresentações, bar, salão de danças e uma loja, onde são comercializados produtos de confecção própria, como rabecas, alfaias, pandeiro, mamulengos, além de peças do artesanato de barro de Caruaru. Na época do carnaval, a casa recebe caboclinhos, bois, burras, troças, ursos, além do seu maracatu "Piaba de Ouro". No Natal, é palco para pastoril, ciranda, cavalo-marinho, entre os quais o (Boi Matuto), com a participação de setenta e seis figurantes e dezoito pessoas brincando. Mestre Salustiano foi agraciado com o título de “doutor honoris” causa pela “Universidade Federal de Pernambuco” e a sua arte já percorreu a maioria dos estados brasileiros e países como a Bolívia, Cuba, França e Estados Unidos. Mestre Salu recebeu ainda o título de “reconhecido saber” concedido pelo "Conselho Estadual" de “Cultura de Pernambuco” e o de comendador da "Ordem do Mérito Cultural" pelo então Presidente da República, Fernando Henrique Cardoso. Salustiano tem quatro CDs gravados, “Sonho da Rabeca”, “As Três Gerações”, ”Cavalo-Marinho” e “Mestre Salu e a sua Rabeca Encantada”. Mistura de músico, produtor, artesão e professor, Mestre Salu fez turnês nacionais e internacionais, tocando sua rabeca e mostrando sua peculiar fusão de ritmos do folclore nordestino. Indicado pela Prefeitura de Olinda foi escolhido pelo "Governo do Estado", como “Patrimônio Vivo de Pernambuco”. Mestre Salustiano morreu de uma arritmia cardíaca, decorrência do “Mal de Chagas” que enfrentava fazia mais de vinte anos.