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MARLENE (91 anos)

ID: m590 Categoria: Cantoras/Músicas Date : Monday 3rd August 2020 9:00:00 pm Tipo : Image / Photo

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Resenha

Victoria Bonaiutti de Martino         

 

(São Paulo/SP, 22 de novembro de 1922)            

(Rio de Janeiro/RJ, 13 de junho de 2014). 

 

Marlene foi uma cantora, compositora e atriz brasileira. Marlene foi casada com o ator Luís Delfino. Depois do casamento com Luís Delfino, mudou o nome de solteira para Victória Delfino dos Santos adotando, então, na carteira de identidade o sobrenome do marido. Tendo gravado mais de quatro mil canções em sua carreira, Marlene, junto com Emilinha Borba foi um dos maiores mitos do rádio brasileiro em sua época de ouro. Sua popularidade nacional também resultou em convites para o cinema, onde fez onze filmes depois da estreia em Corações Sem Piloto”. Marlene fez ainda os filmes “Loucos Por Música”, “Pif-Paf”, “Caídos do Céu”, “Esta é Fina”, “Caminhos do Sul”, “Prá Lá de Boa”, “Um Beijo Roubado”, “Todos Por Um”, “Tudo Azul”, “Balança, Mas Não Cai”, “Matar ou Morrer”, “Adiós, Problemas”, “O Cantor e o Milionário”, “Quem Roubou Meu Samba?”, “Carnaval Barra Limpa”, “A Volta do Filho Pródigo” e “Profissão Mulher” e para o teatro com cinco peças após a estreia em “Depois do Casamento” tendo também trabalhado em cinco revistas depois de Deixa Que Eu Chuto”. As atividades internacionais de Marlene incluíram turnês pelo Uruguai, Argentina, Estados Unidos onde se apresentou no Waldorf-Astoria Hotel” e em Chicago e França se apresentando por quatro meses e meio no "Teatro Olympia" em Paris, a convite de Édith Piaf que a vira no "Copacabana Palace", no Rio. Marlene teve seu samba-canção A Grande Verdade” em parceria com Luís Bittencourt gravado por Dalva de Oliveira. Marlene nasceu Victória Bonaiutti de Martino na capital paulista, no bairro da Bela Vista, conhecido reduto de ítalo-brasileiros. Seus pais eram italianos e Victória era a mais nova de três filhas. Ela herdou o nome do pai, que morreu sete dias antes de seu nascimento. A viúva Antonieta não se casou novamente e criou sozinha as filhas, dando aulas de alfabetização no “Instituto de Surdos e Mudos de São Paulo” e como costureira. Devota da "Igreja Batista", internou a filha mais nova no Colégio Batista Brasileiro” cujas mensalidades foram dispensadas em troca de serviços prestados ao colégio, como arrumação dos quartos. Marlene estudou ali dos nove aos quinze anos, se destacando nas atividades esportivas, assim como no coro juvenil da igreja. Ao deixar o colégio, Marlene foi cursar aFaculdade do Comércio” situada na Praça da Sé com o objetivo de se tornar contadora. Na mesma época, se empregou, durante o dia, num escritório comercial. É quando começa a participar de uma entidade de estudantes, recém-formada, a qual passa a dispor de um espaço na Rádio Bandeirantes”, a Hora dos Estudantes”, programa em que seria cantora. Foi quando seus colegas estudantes, por eleição, escolheram seu nome artístico, em homenagem à atriz alemã Marlene Dietrich. Victória acabou deixando o curso de contadora em segundo plano, priorizando sua atividade artística. Marlene estreou como profissional na Rádio Tupi de São Paulo”. Tudo isto, contudo, fez escondida da família, que, por razões religiosas e sociais vigorantes na época, não poderia admitir uma incursão no mundo artístico. O nome artístico esconderia sua verdadeira identidade até ser descoberta faltando as aulas por causa de seu expediente na rádio, o que resultou num castigo exemplar da parte de sua mãe. Mas Marlene já estava decidida a seguir carreira. Assim, cercada pela desaprovação da família, Marlene partiu para o Rio de Janeiro, onde, após ser aprovada no teste com Vicente Paiva passou a cantar no Cassino Icaraí. Ali permaneceu por dois meses até conhecer Carlos Machado que a convidou para o Cassino da Urca” contratando-a como vocalista de sua orquestra. Quando houve a proibição dos jogos de azar e o consequente fechamento dos cassinos por decreto do presidente Eurico Gaspar Dutra. Marlene, então, se mudou com a orquestra de Carlos Machado para a Boate Casablanca”. Dois anos depois, se tornou artista do "Copacabana Palace" a convite de Caribé da Rocha que a promoveu de crooner a estrela da casa. Marlene passou a atuar também na Rádio Mayrink Veiga e na Rádio Globo”. Nesse ínterim, já se tinha dado sua estreia no disco, pela Odeon”, com as gravações dos sambas Suingue no Morro” de Amado Régis e Felisberto Martins e ”Ginga, Ginga, Moreno” de João de Deus e Hélio Nascimento. Mas foi no carnaval que Marlene emplacou seu primeiro grande sucesso, a marchinha “Coitadinho do Papai” de Henrique de Almeida e M. Garcez em companhia dos Vocalistas Tropicais” campeã do concurso oficial de músicas carnavalescas da Prefeitura do Distrito Federal. E foi cantando esta música que Marlene estreou no programa César de Alencar na Rádio Nacional”, com grande sucesso. Marlene se tornaria uma das maiores estrelas da emissora, recebendo o slogan “Ela Que Canta e Dança Diferente”. Marlene foi contratada pela gravadora Continental”, estreando com os choros Toca, Pedroca” de Pedroca e Mário Morais e Casadinhos de Luís Bittencourt e Tuiú, este cantado em duo com César de Alencar. Marlene esperou o fim de seu contrato com o "Copacabana Palace" para abandonar os espetáculos nas boates, se dedicando ao rádio, aos discos e, posteriormente, ao cinema e ao teatro. Nessa época, a maior estrela da “Rádio Nacional” era Emilinha Borba, mas as irmãs Linda e Dircinha Batista eram também muito populares e vencedoras, por anos consecutivos, do concurso para "Rainha do Rádio". Este torneio era coordenado pela Associação Brasileira de Rádio” sendo que os votos eram vendidos com a "Revista do Rádio" e a renda era destinada para a construção de um hospital para artistas. Então, Marlene venceu o concurso de forma espetacular. Para tal, recebeu o apoio da Companhia Antarctica Paulista”. A empresa de bebidas estava prestes a lançar no mercado um novo produto, o Guaraná Caçula e, atenta à popularidade do concurso, pretendia usar a imagem de Marlene, "Rainha do Rádio", como base de propaganda de seu novo produto, dando-lhe, em troca, um cheque em branco, para que ela pudesse comprar quantos votos fossem necessários para sua vitória. Assim, Marlene foi eleita com 529.982 votos. Ademilde Fonseca ficou em segundo lugar e Emilinha Borba dada como vencedora desde o início do concurso, ficou em terceiro. Desse modo, se originou a famosa rivalidade entre os fãs de Marlene e Emilinha, uma rivalidade que, de fato, devia muito ao marketing e que contribuiu expressivamente para a popularidade espantosa de ambas cantoras pelo país. Prova disso foram as gravações que elas fizeram em dueto naquele ano, com o samba Já Vi Tudo” de Amadeu Veloso e Peter Pan e a marchinha Casca de Arroz” de Arlindo Marques Jr. e Roberto Roberti. Foram sucessos no carnaval assim como a marchinha “A Bandinha do Irajá” de Murilo Caldas. A eleição para "Rainha do Rádio" ainda lhe rendeu um programa exclusivo na "Rádio Nacional", intitulado Duas Majestades e um novo horário no programa Manuel Barcelos em que permaneceu como estrela até o fechamento do auditório da "Rádio Nacional". A estrela Marlene ajudou vários colegas seus inclusive usando seu prestígio e influência junto à direção da "Rádio Nacional" e trouxe para a emissora as vozes de Jorge Goulart e Nora Ney que ali permaneceram por décadas, só saindo por causa de problemas com o governo da época da ditadura militar no país. Também foi Marlene a madrinha de um de seus frenéticos fãs, o jovem Luís Machado que veio a ser locutor comercial dos programas de Manuel Barcelos. Marlene participou também de outros programas, como o de César de Alencar, o de Paulo Gracindo, bem como Gente que Brilha”, “Trem da Alegria”, “Show dos Bairros” e o de José Messias, porém o jovem locutor Luís Machado deixou a rádio, também com problemas com o governo da ditadura militar, saindo junto com César de Alencar e vários outros artistas que não se enquadravam àquele regime governamental. Machado posteriormente se dedicou aos estudos, não voltando ao rádio, devido a variações em suas cordas vocais, embora não concluindo a faculdade de direito de Valença. Deixou a faculdade para seguir a profissão de motorista de ônibus em turismo rodoviário, porém se mantendo como fã fiel de Marlene. Marlene então passou a ser cantora exclusiva do programa Manuel Barcelos, enquanto que Emilinha se tornou exclusiva do de César de Alencar. Marlene gravou dois de seus maiores sucessos, acompanhada “d'Os Cariocas”, Severino Araújo e Orquestra Tabajaraos baiõesMacapá” eQue Nem Jiló” de Humberto Teixeira e Luíz Gonzaga Marlene participou da revista Deixa Que Eu ChutonoTeatro João Caetano” no Rio. Marlene atuou intensamente no teatro musicado, excursionando pelo exterior e por todo o Brasil em inúmeros espetáculos. Marlene participou ao lado de Luís Delfino do filme Tudo Azul” produzido por Rubens Berardo e dirigido por Moacyr Fenelon. Marlene também teve um programa exclusivo que ia ao ar aos sábados às vinte horas intitulado “Marlene Meu Bem” juntamente com seu marido Luís Delfino. Marlene atuou como atriz em novelas e seriados como “Bandeira 2”, “O Amor é Nosso”, “Viver a Vida” e “Chiquinha Gonzaga”. Marlene teve uma hemorragia nasal que evoluiu para uma pneumonia. Marlene e seu marido Luís Delfino tiveram um unico filho, Sérgio HenriqueMarlene morreu em consequência de falência de múltiplos órgãos.

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