Mário Farias Brasini
(Rio de Janeiro/RJ, 31 de janeiro de 1921)
(Rio de Janeiro/RJ, 09 de outubro de 1997).
Mário Brasini foi ator, diretor, teatrólogo, publicitário e inventor brasileiro. Brasini viveu parte de sua infância entre Recife e Maceió, terra de sua mãe, Dulce Farias Brasini. Brasini iniciou seus estudos em Roma, terra de seu pai, o arquiteto Ferruccio Brasini onde morou durante cinco anos, na infância. Brasini escreveu sua primeira peça ainda ginasiano do “Colégio Santo Antônio Maria Zacharias” no Rio de Janeiro. Depois de participar ativamente do elenco amador daquele educandário, Brasini passou a trabalhar com o elenco de atores italianos do “Teatro Del Doppo Lavoro” e posteriormente na fundação da “União Nacional dos Estudantes - (UNE)“. Na UNE participou de variados trabalhos inclusive da criação da “Revista Movimento” da qual se tornou redator chefe e venceu o primeiro concurso nacional de peças teatrais daquela agremiação, cujo corpo de jurados era presidido pelo escritor Aníbal Machado. A peça vencedora chamava-se “Estudantes” e foi montada no “Teatro Ginástico” pelos estudantes. A seguir Brasini prosseguiu sua iniciante carreira no “Teatro Universitário” dirigido por Jerusa Camões onde dirigiu e atuou em inúmeros espetáculos, entre eles a opereta “A Viúva Alegre”. Mário Brasini escreveu muitas comédias de costume, retratando seu povo e seu país, algumas vezes fazendo crítica social em tons de farsa e caricatura. Mário Brasini foi tradutor de muitos textos do teatro italiano, francês e espanhol. No auge de sua carreira cinematográfica e radiofônica fundou, juntamente com três outros colegas, os "Artistas do Povo", companhia teatral da qual foi diretor artístico. Com um magnífico e variado repertório os "Artistas do Povo" percorreu vários estados do Brasil, semeando e difundindo a cultura. A rapidez das encenações durante a longa turnê onde foram montadas muitas peças dentre elas “Um Raio de Sol”, “Toda a Vida em Quinze Dias”, “Divórcio”, “Maria Cachucha” foi a semente da ideia de se utilizar um pequeno radiorreceptor para a comunicação entre o ator e o diretor para facilitar o trabalho do ator no palco. Brasini dirigiu um dos maiores sucessos daquela temporada teatral "Dona Xepa" de Pedro Bloch no “Teatro Rival” com Alda Garrido. Brasini dirigiu "Cupim", peça de estreia da “Cia. Teatral de Oscarito-Margot Louro”. Mário Brasini trabalhou em "Massacre" outro enorme sucesso, que estreava as atividades da “Cia. Graça Melo”. Brasini dirigiu a estreia teatral da cantora Marlene, na peça "Depois do Casamento" no “Teatro Dulcina”. Brasini também atuou ao lado de André Villon e Teresa Austregésilo em "Alguém Falou de Amor" comédia de sua própria autoria, encenada no “Teatro de Bolso” da Praça General Osório premiada pela “Associação Brasileira de Críticos Teatrais”. Na mesma temporada, encenou a comédia espanhola "Três à Meia Luz" traduzida por ele. Contratado pela “Cia. Artistas Unidos” no “Copacabana Palace” atuou na peça "É do Amor Que Se Trata" ao lado de Henriette Morineau. Com a esposa, a atriz Theresa Amayo fundou o “Teatro Permanente de Brasília” onde encenou "Irene", “Divórcio", "Raio de Sol", “O Noviço", “Diabinho de Saias” e a peça infantil "Rapto das Cebolinhas". Mário Brasini e Theresa Amayo seguiram para Portugal, em turnê com a “Cia. Tônia Carrero-Paulo Autran”. Na volta da Europa, Brasini foi convidado por Eva Todor para dirigir e atuar na peça "A Moral do Adultério" texto inacabado do teatrólogo Luiz Iglesias. Brasini escreveu o segundo ato juntamente com Joracy Camargo. A sua peça "A Guerra Mais ou Menos Santa" foi escolhida para inaugurar o “Teatro Princesa Isabel” no Rio de Janeiro. Brasini escreveu "A Guerra…" a partir de um fato real. Um padre residente em Patos de Minas briga com as prostitutas do local, mas foi descoberto pela alfândega, quando regressava da Europa, contrabandeando armas escondidas sob sua batina. Na peça, um cantor conta a história da intransigência, do poder atemporal usado de forma indevida e da hipocrisia muitas vezes existente no comportamento político-social. Esta peça foi encenada também na reinauguração do “Teatro Amazonas” em Manaus. Brasini terminou a peça "Nadim, Nadinha Contra o Rei de Fuleiró" que trata do renascimento possível e eterno da liberdade humana e das infrutíferas tentativas coercitivas e despóticas de destruir essa possibilidade. Brasini atuou em "Vento nos Ramos de Sassafrás" novamente ao lado de Henriette Morineau no “Teatro Dulcina” sob direção de Paulo Afonso Grisolli. Brasini participou do elenco de "As Viúvas do Machado" sob a direção de Sérgio Viotti na “Cia. Eva Todor”. Brasini, sob a direção de Maurice Vaneau, participou da montagem de "O Olho Azul da Falecida" no “Teatro Ginástico”. Sob a direção de Ziembinski trabalhou em "Zefa Entre os Homens" no “Teatro Nacional de Comédia” hoje “Teatro Glauce Rocha”. No “Teatro Copacabana” participou da montagem de "40 Quilates". Sua peça teatral "Nadim, Nadinha Contra o Rei de Fuleiró" foi premiada no “Concurso de Dramaturgia do Serviço Nacional de Teatro (SNT)”, liberada pela censura e finalmente encenada. Na mesma ocasião, Brasini teve montada a peça "Aqui e Agora" no “Teatro Glória” com André Villon, Theresa Amayo e ele próprio, sob a direção de Cecil Thiré. Um de seus textos mais famosos, "Quarta-Feira, Sem Falta Lá em Casa" foi estrelado por Eva Todor e Henriette Morineau e dirigida por Gracindo Jr. no “Teatro Glória”. “Quarta-Feira, Sem Falta Lá em Casa” foi encenada em São Paulo no “Teatro Renaissence” e estrelada por Beatriz Segall e Miriam Pires com direção de Alexandre Reinecke com sucesso que se estendeu por mais de um ano. Depois a peça retornaria ao “Teatro Renaissence” com Beatriz Segall e Nicette Bruno que substituiu Miriam Pires que faleceu durante as gravações da novela “Senhora do Destino” de Aguinaldo Silva na TV Globo. A peça ainda fora traduzida para o alemão, inglês e espanhol e existe a intenção de roteirizá-la para o cinema. No cinema, o promissor galã do cinema nacional foi dirigido por Moacyr Fenelon em “É Proibido Sonhar”, “Asas do Brasil” e “Fantasma Por Acaso” Brasini atuou também na película “Iracema” filme de estreia da atriz Ilka Soares. Brasini codirigiu, escreveu e atuou em "Bruma Seca" dirigido por Mário Civelli. Mário Brasini participou, como ator, de "Enigma Para Demônios" dirigido por Carlos Hugo Christensen, "Jovens Pra Frente" com Oscarito e “Rifa-se Uma Mulher” entre outros. Mário Brasini iniciou a carreira radiofônica na “Rádio Clube do Brasil” e, durante muitos anos, atuou na “Rádio Nacional” do Rio de Janeiro escrevendo e dirigindo crônicas, programas radiofônicos variados e novelas de sua autoria como “Enquanto Houver Estrelas”, “Lua Nova”, “Laura”, “A Alma das Coisas”, “Balança, Mas Não Cai” ao lado de Max Nunes entre outras. A convite de Alziro Zarur dirigiu a “Rádio Mundial” onde escreveu o programa "Boa Noite, Carmela" sucesso do rádio levado mais tarde ao teatro e à televisão. Emprestado pela “Rádio Nacional” do Rio de Janeiro, assumiu a direção artística da TV Nacional de Brasília, para onde seguiu com sua mulher e filhos. Dirigiu a “Rádio Educativa” de Brasília e iniciou a preparação do Curso de Rádio e Televisão para a “Universidade de Brasília”, em fase de inauguração, convidado pelo reitor da universidade e pelo chefe da Casa Civil da Presidência da República, professor Darcy Ribeiro. Na mesma ocasião foi convidado para assessorar o Dr. Julio Sambaqui, Ministro da Educação. Sob os auspícios do "Ministério da Educação", participou da “Caravana da Cultura”, projeto pioneiro do Embaixador Paschoal Carlos Magno, levando o repertório do “Teatro Permanente de Brasília” a dezesseis pequenas cidades de três estados brasileiros, Minas Gerais, Bahia e Alagoas. Com a eclosão do “Golpe de Estado” foi chamado de volta a “Rádio Nacional” do Rio de Janeiro e, por motivos políticos, já que Brasini era um comunista sem partido, após responder a inquérito policial militar - arquivado por falta de provas - Brasini e outros colegas foram cassados pelo AI-1 e proibidos de entrar no prédio da “Rádio Nacional” do Rio de Janeiro, ficando com a carteira de trabalho em aberto por dezessete anos. Mário Brasini foi um pioneiro da televisão, atuando, escrevendo e dirigindo a programação da TV Tupi, em duas fases distintas. Mário Brasini foi diretor artístico da TV Paulista, hoje TV Globo. Mário escreveu e dirigiu a novela "Laura" e os programas “A Alma das Coisas”, “Estampas Eucalol”, “Teledrama 3 Leões” e “Boa Noite, Carmela”, entre outros. Brasini atuou na TV Rio, no papel título da novela "O Desconhecido" de Nélson Rodrigues e no programa "Praça 11" com o quadro chamado “O Italiano do Realejo”. Ainda jovem, Brasini foi o encarregado da publicidade e do marketing do “Serviço de Alimentação da Previdência Social (SAPS)”, deu aulas e escreveu um livro sobre publicidade. Mário Brasini foi diretor do departamento de rádio, cinema e televisão da "Standard Propaganda", uma das maiores empresas de publicidade do país, participando ativamente de várias campanhas publicitárias, inclusive a do lançamento do “Dia Nacional da Secretária”, através do programa radiofônico "O Mundo em Suas Mãos" na “Rádio Mayrink Veiga”, patrocinado pelas máquinas datilográficas "Remington". Como resultado de suas experiências eletrônicas amadoras, Brasini inventou um processo de comunicação, batizado com o nome de “ponto eletrônico”. Este objetivava substituir, durante excursões teatrais, o "ponto" teatral - pessoa que ficava dizendo as falas dos atores, quando necessário. Este invento deu origem a empresa de leasing que Brasini fundou mais tarde, durante a perseguição política de que foi vítima. Sua aparelhagem era alugada às televisões para estabelecer uma comunicação entre a direção artística, na área técnica e a equipe, no estúdio. Infelizmente ao tentar registrar seu invento também por motivos políticos, teve negado esse direito, sendo hoje usado gratuitamente por toda a televisão brasileira. A partir do ponto eletrônico, Brasini desenvolveu equipamentos para tradução simultânea usados em congressos, seminários e simpósios, através da firma que fundou a “Ponto Comando Eletrônico Intercom Ltda.” com sede no Rio de Janeiro. A partir de certo momento, as atividades crescentes da empresa exigiram a abertura das filiais de São Paulo, Curitiba e Rio Grande do Sul e, com isso, a dedicação integral de seu dono. Por essa razão, Brasini teve que se afastar de suas atividades teatrais e televisivas para se dedicar às de empresário. Graças ao sucesso indiscutível desta nova atividade, Brasini conseguiu enfrentar, com grande dignidade, as perseguições profissionais de que foi vítima. Brasini e sua mulher Theresa venderam suas ações da empresa. O empresário saiu de cena, dando lugar ao teatrólogo, em tempo integral. Depois de algumas viagens ao exterior, Brasini se dedica à produção de novos escritos. Mário deixou prontos dois romances e algumas peças teatrais, ainda inéditas. Do casamento com Theresa Amayo, Mário Brasini teve dois filhos, Márcia e Rodrigo. Brasini também havia sido casado com a atriz Vanda Lacerda e com ela teve a filha Cláudia, falecida ainda criança. Mário Brasini morreu vítima de uma pneumonia dupla com posterior falência múltipla dos órgãos.