Marília Marzullo Pêra
(Rio de Janeiro/RJ, 22 de janeiro de 1943)
(Rio de Janeiro/RJ, 05 de dezembro de 2015).
Marília Pêra foi uma premiada atriz, cantora e diretora teatral brasileira. Além de interpretar, Marília cantava, dançava e atuava também como coreógrafa, produtora e diretora de peças e espetáculos musicais. Neta da atriz Antônia Marzullo e filha dos atores Manuel Pêra e Dinorah Marzullo, Marília pisou no palco de um teatro pela primeira vez aos quatro anos de idade, ao lado dos pais, que integravam o elenco da companhia de Henriette Morineau. Da adolescência à juventude, Marília atuou como bailarina e participou de musicais e revistas, entre eles, “Minha Querida Lady” protagonizado por Bibi Ferreira. Segundo Marília, ela passou porque os diretores estavam procurando alguém que poderia fazer acrobacias, o que era raro naquela época. Marília interpretou várias vezes o papel de Carmen Miranda. Primeiro na peça “O Teu Cabelo Não Nega”, biografia de Lamartine Babo. Marília Pêra voltaria a viver o papel da cantora no espetáculo “A Pequena Notável”, dirigida por Ary Fontoura. E também no “A Tribute to Carmen Miranda” no "Lincoln Center", em Nova Iorque, dirigido por Nélson Motta, na única apresentação de “A Pêra da Carmem” no "Canecão" e no musical “Marília Pêra Canta Carmen Miranda”, dirigida por Maurício Sherman. A primeira aparição na televisão foi em “Rosinha do Sobrado”, em seguida, em “A Moreninha” e “Padre Tião”, todas novelas da TV Globo. A peça “A Úlcera de Ouro” de Hélio Bloch foi sua primeira apresentação em um espetáculo musical. Marília conquistou grande sucesso no papel da protagonista do drama “Fala Baixo Senão Eu Grito”, com direção de Clóvis Bueno, primeira peça teatral da dramaturga paulista Leilah Assumpção. Pela interpretação da complexa personagem (Mariazinha), uma solteirona virgem que vive em um pensionato de freiras, Marília recebeu, como melhor atriz, o prêmio “Molière”, o prêmio da “Associação Paulista de Críticos Teatrais (APCT)”, atual “Associação Paulista de Críticos de Arte (APCA)” e o prêmio do “Governo do Estado do Rio de Janeiro”. Seu futuro marido Paulo Villaça interpretou um ladrão que, numa noite, pula a janela do quarto com a intenção de roubar. Na conversa entre os dois, que dura a noite toda, a solteirona revela ao público e a si mesma suas frustrações. Marília derrotou Elis Regina num teste para o musical “Como Vencer na Vida Sem Fazer Força”, ambas ainda não eram conhecidas na época. Logo depois, para o espetáculo “A Feiticeira”, gravou o LP “Feiticeira”, lançado pela "Som Livre". Marília é a atriz que mais atuou sozinha nos palcos, conseguindo atrair o público infantil para a difícil arte do monólogo. Além de Carmen Miranda, desempenhou nas telas e no palco papéis de mulheres célebres, como Maria Callas, Dalva de Oliveira, Coco Chanel e a ex primeira dama do Brasil, Sarah Kubitschek. A estreia como diretora aconteceu na peça “A Menina e o Vento” de Maria Clara Machado, onde também atuou como atriz. Em declaração feita ao “Fantástico”, pegando carona no sucesso de sua personagem (Milú), da novela “Cobras & Lagartos”, Marília relatou sobre a carreira e disse que não suporta contracenar com atores de mau hálito e chulé. Ela comentou que há muitos atores que não se preocupam com a higiene, sem citar nomes (teria sido uma indireta para seu par romântico na novela, Herson Capri). Marília alega que nunca se achou bonita e que sempre foi desengonçada. Marília chegou a ser presa durante a apresentação da peça “Roda Viva” de Chico Buarque e obrigada a correr nua por um corredor polonês. Marília foi presa uma segunda vez, visto que era tida como comunista, quando policias invadiram a residência, assustando a todos, inclusive o filho de sete anos, que dormia. Marília apresentou o musical “Elas Por Elas”, para a TV Globo. Ao lado da cantora Simone e de Cláudia Raia tornou público o apoio ao candidato Fernando Collor de Mello, nas eleições presidenciais que o elegeram. Marília foi protagonista do longa-metragem, “Polaróides Urbanas”, de Miguel Falabella, onde interpretou duas irmãs gêmeas. Marília foi escalada para viver a hippie (Rejane Batista) na minissérie “Cinquentinha”, de Aguinaldo Silva. Após várias cenas gravadas, a atriz desistiu do papel, causando mal estar nos corredores da TV Globo. No lugar de Marília, entrou a atriz Betty Lago que se encaixou perfeitamente no papel, sendo muito elogiada pela crítica. Algumas notícias que circularam na época, disseram que o motivo para não querer seguir com a interpretação foi não se sentir à vontade com o papel. Marília integrou o elenco da série “A Vida Alheia” de Miguel Falabella, na TV Globo, como (Catarina). No seriado “Pé na Cova”, Marília Pêra interpretou (Darlene), que é maquiadora da funerária do ex-esposo (Ruço) de Miguel Falabella (autor da série) e que vive no subúrbio. Por conta de problemas pessoais, a atriz deixou o seriado, retornando tempos depois às gravações. No carnaval de 2015, Marília foi homenageada pela “Escola de Samba Mocidade Alegre, de São Paulo e no mesmo ano, foi a grande homenageada do “Festival de Cinema de Gramado” onde recebeu o prestigiado “Troféu Oscarito”. Marília se casou pela primeira vez aos dezessete anos, com o músico Paulo Graça Mello, morto num acidente de carro. Aos dezoito, foi mãe do também ator Ricardo Graça Mello. Mais tarde, foi casada com o ator Agildo Ribeiro, com o ator Paulo Villaça, com o jornalista Nélson Motta, com quem teve as filhas Esperança e Nina. Marília Pêra era casada, com o economista carioca Bruno Faria. Marília Pêra é irmã da atriz e cantora Sandra Pêra, sobrinha do ator Abel Pêra e da atriz Dinah Marzullo e tia da atriz Amora Pêra. A atriz Marília Pêra fez mais de cinquenta peças teatrais, entre as mais importantes e conhecidas estão ainda “Medéia”, “A Megera Domada”, “O Barbeiro de Sevilha”, “Pato Com Laranja” onde atuou ao lado de Paulo Autran, “Doce Deleite”, “Adorável Júlia”, “Elas Por Ela”, “Brincando em Cima Daquilo”, “A Estrela Dalva” e na direção de “O Mistério de Irma Vap” na montagem famosa com os atores Marco Nanini e Ney Latorraca. Marília Pera fez ainda os filmes “O Homem que Comprou o Mundo”, “É Simonal”, “O Donzelo”, “Ana, a Libertina”, “O Rei da Noite”, “O Grande Desbum”, “Pixote, a Lei do Mais Fraco”, “Bar Esperança”, “Areias Sagradas”, “Mixed Blood”, “Anjos da Noite”, “Dias Melhores Virão”, “Jenipapo”, “Tieta do Agreste”, “Central do Brasil”, onde atuou ao lado da atriz Fernanda Montenegro, ”O Viajante”, “Amélia”, “Seja o Que Deus Quiser”, “Garrincha, a Estrela Solitária”, “Living The Dream”, “Vestido de Noiva”, “Acredite, Um Espírito Baixou em Mim”, “Pixote in Memoriam”, “Jogo de Cena”, “Embarque Imediato” e “Nossa Vida Não Cabe Num Opala”. Consagrada também pela televisão, Marília Pêra fez novelas, séries, seriados e minisséries, quase sempre na TV Globo. As exceções foram as novelas “Beto Rockfeller” e “Super Plá”, na extinta TV Tupi, a novela “O Campeão” na TV Bandeirantes e a novela “Mandacuru” na também extinta TV Manchete. Na TV Globo, esteve em “Um Rosto de Mulher”, “Bandeira 2”, “O Cafona”, “Doce Vampiro”, “Uma Rosa Com Amor”, “Supermanoela”, “Malu Mulher”, “Quem Ama Não Mata”, “Brega & Chique”, “O Primo Basílio”, “Top Model”, “Lua Cheia de Amor”, “Rainha da Sucata”, “Incidente em Antares”, “Meu Bem Querer”, “Brava Gente”, “Os Maias”, “Começar de Novo”, “JK”, “Toma Lá, Dá Cá”, “Duas Caras”, “Casos e Acasos”, “Xuxa e as Noviças”, “Ti-Ti-Ti”, “Aquele Beijo” e “Louco Por Elas”. Seu último trabalho foi no filme "Tô Rica", que teve sua estreia confirmada somente após o falecimento da atriz. Marília Pêra lutava contra um câncer de pulmão. Ela passou o ano em tratamento médico, combatendo um desgaste nos ossos do quadril, o que a fez se afastar do trabalho. Marília Pêra morreu após perder a batalha contra o câncer.