Leila Roque Diniz
(Niterói/RJ, 25 de março de 1945)
(Nova Delhi/ÍNDIA, 14 de junho de 1972).
Leila Diniz foi uma atriz, modelo, produtora, cantora e garota-propaganda brasileira com atuação em teatro, cinema e TV. Leila Diniz era irmã da atriz Lígia Diniz e tia do ator Tiago Diniz Vugman. Leila se formou em magistério e foi ser professora do jardim de infância no subúrbio carioca. Aos DEZESSETE anos, conheceu seu primeiro marido, o cineasta Domingos de Oliveira e se casou com ele. O relacionamento durou apenas TRÊS anos. Foi nesse momento que surgiu a oportunidade de trabalhar como atriz. Primeiro estreou no teatro e depois em novelas da TV Globo. Mais tarde, se casou com o cineasta moçambicano Ruy Guerra. No cinema, Leila participou dos filmes “Jogo Perigoso: Divertimento/Juego Peligroso: Divertimiento” (servente) exibido no Brasil e no México, ”Opinião Pública” (ela mesma), “Mineirinho, Vivo ou Morto” (Maria), “O Mundo Alegre de Helô” (Luisinha), ”Todas as Mulheres do Mundo” (Maria Alice), “A Madona de Cedro” (Marta), “Edu, Coração de Ouro” (Tatiana), “O Homem Nu” (Mariana), “Corisco, o Diabo Loiro” (Dadá), “Fome de Amor” (Ulla), “Os Paqueras” (ela mesma), “Azyllo Muito Louco” (Eudóxia), “O Donzelo” (ela mesma), “O Dia Marcado”, “Mãos Vazias” (Ida) e “Amor, Carnaval e Sonhos” exibido apenas após sua morte. Leila Diniz foi modelo e/ou garota-propaganda de cinema e TV em campanhas comerciais para as marcas “Automóvel Chevrolet Veraneio”, “Cigarros Shelton”, “Televisor Philco” e “Creme Cashmere Bouquet”. No teatro, Leila Diniz fez as peças “O Coelho e a Onça” (Mãe da Onça), “A Histporia de Muitos Amores” (assistência de produção), “Em Busca do Tesouro” (Oncinha), “O Preço de Um Homem” (Dorotéa Cadiê), “Orquídeas Para Cláudia” (Cílio), “A Úlcera de Ouro” (participação em filme projetado em cena), “Tem Banana na Banda” (vedete) e “Vem de Ré Que Estou de Primeira” (vedete) e dos shows “Carlos Machado´s Holiday” e “Baden Powell na Sucata”. Na TV, Leila Diniz fez os programas “Clube das Garotas” e “Festa em Casa” e e as novelas “Ilusões Perdidas”, “Paixão de Outono” (Maria Luísa), “Um Rosto de Mulher”,”Eu Compro Esta Mulher” (Úrsula), “O Sheik de Agadir” (Madelonz), “A Rainha Louca” (Lorenza), “Anastácia, a Mulher Sem Destino” (Anastácia Forestier/Rose Forestier/Henriette) na TV Globo, “Acorrentados” (Irmã Amparo de Fátima) parceria da TV Rio com a TV Record, “O Direito dos Filhos” (Ana Lúcia), “Vidas em Conflito” (Débora), “A Menina do Veleiro Azul” (Ester) e “Dez Vidas” (Pompom) na TV Excelsior. Leila Diniz foi jurada dos programas “A Grande Chance” e do “Programa Flávio Cavalcanti” e fez a novela “E Nós, Aonde Vamos” (Beth) da TV Tupi. Leila colocou voz (na parte falada) nas faixas “Um Cafuné na Cabeça”, “Malandro” e “Eu Quero Até de Macaco” músicas do álbum “Sentinela” do cantor e compositor Milton Nascimento. Leila quebrou tabus numa época em que a repressão dominava o Brasil. Escandalizou ao exibir a sua gravidez de biquíni na praia e chocou o país ao proferir a frase “Transo de manhã, de tarde e de noite”. Leila Diniz é considerada uma mulher à frente de seu tempo, ousada e que detestava convenções. Leila foi invejada e criticada pela sociedade conservadora e pelas feministas, pois consideravam que ela estava a serviço dos homens. Leila falava de sua vida pessoal sem qualquer vergonha ou constrangimento. Concedeu entrevistas marcantes à imprensa, mas a que causou um grande furor no país foi a que deu ao jornal “O Pasquim”. Nessa entrevista, Leila Diniz falava palavrões que eram substituídos por asteriscos, e ainda disse: “Você pode muito bem amar uma pessoa e ir para cama com outra. Já aconteceu comigo”. O exemplar mais vendido do jornal foi justamente esse no qual foi publicada a entrevista da atriz. E foi também depois dessa publicação que foi instaurada a censura prévia à imprensa, mais conhecida como “Decreto Leila Diniz”. Perseguida pela polícia política, Leila se esconde no sítio do colega de trabalho Flávio Cavalcanti, se tornando, em seguida, jurada do programa do apresentador, no momento em que é acusada de ter ajudado militantes de esquerda. Alegando razões morais, a TV Globo não renova o contrato da atriz. De acordo com Janete Clair não haveria papel de prostituta nas próximas novelas da emissora. Meses depois, Leila reabilita o teatro de revista e começa curta e bem sucedida carreira de vedete. Estrelando a peça tropicalista “Tem Banana na Banda” improvisando a partir dos textos escritos por Millôr Fernandes, Luiz Carlos Maciel, José Wilker e Oduvaldo Viana Filho. Recebe de Virgínia Lane o título de “Rainha das Vedetes”. É eleita “Rainha da Banda de Ipanema” por Albino Pinheiro e seus companheiros. Leila Diniz foi casada com o diretor Domingos de Oliveira, com o argentino Luís Maria “Cachorro”, namorou o cantor Toquinho, o diretor Léo Jusi, o ator e diretor Henrique Martins, o ator Arduino Colassanti, o ator Luiz Carlos Becker, o jornalista Tarso de Castro e foi casada com o cineasta Ruy Guerra com que teve UMA filha, a atriz Janaina Diniz Guerra. Leila Diniz morreu de forma trágica, num acidente aéreo, no auge da fama, voltando da Austrália para onde tinha ido receber o prêmio de melhor atriz por “Mãos Vazias”, primeiro filme de Luiz Carlos Lacerda, seu amigo íntimo, desde a adolescência. A atriz Marieta Severo e o cantor Chico Buarque de Holanda, seus amigos, cuidaram da filha de Leila Diniz com o diretor Ruy Guerra durante muito tempo, até o pai ter condições de assumir a filha. O cunhado advogado se dirigiu a Nova Délhi, na Índia, local do desastre, para tratar dos restos mortais da atriz. Acabou encontrando um diário que continha diversas anotações e uma última frase, que provavelmente estava se referindo ao acidente: “Está acontecendo alguma coisa muito es....”. Leila Diniz, a mulher de Ipanema, defensora do amor livre e do prazer sexual será sempre lembrada como símbolo da revolução feminina, que rompeu conceitos e tabus por meio de suas ideias e atitudes. Leila se tornou ícone da liberdade, do hedonismo e da indignação que não abdica de sonhos e alegria.