Maria Isaura Bruno                              

(São Paulo/SP, 23 de junho de 1916)       

(Campinas/SP, 02 de maio de 1977).  

Isaura Bruno foi uma atriz brasileira. Isaura, desde os onze anos quando perdeu a mãe - o pai havia falecido oito anos antes - foi criada pela avó materna até a sua morte, quando teve de deixar a casa para trabalhar como cozinheira de uma família na cidade. Depois de certo tempo, Isaura acabou sendo trazida para a capital paulista, para trabalhar na casa de um parente desta família. Isaura ficou grávida solteira e como não tinha como dormir no emprego ia para as gafieiras, bailes noturnos, locais onde geralmente as empregadas domésticas costumavam frequentar e conseguia um pouco de conforto com as amigas.  Poucos meses após dar a luz à uma menina, perdeu a criança, de pneumonia por viver em condições precárias, dormindo em gafieiras, banheiros públicos ou bancos de igrejas. Isaura, certo dia, se encontrou, na gafieira, com a cozinheira do então diretor e ator Walter Forster que estava precisando de uma pessoa com as suas descrições para participar de um filme. Isaura conseguiu um contrato para participar de “Luar do Sertão” e atuou pela primeira vez ao lado de Bina Bergamo, Dora Machado de Campos, Nhá Barbina e Walter Forster, entre outros. A partir de então passou a fazer todo tipo de trabalho que aparecesse, geralmente próximos ou ligadas as produções de filmes, e quando a oportunidade acontecia participava de um evento ou outro, e assim ia tocando sua vida. Isaura participou do filme “Simão o Caolho” sob direção de Alberto Cavalcanti e contracenou ao lado de Yara Aguiar, Mesquitinha, Silvana Aguiar e Nair Bello, aumentando assim seus laços de amizade com outros artistas. Isaura Bruno voltou a participar de outro filme “O Vendedor de Linguiças”, uma comédia sob direção de Glauco Mirko Laurelli e atuou ao lado de Mazzaropi, Geny Prado, Roberto Duval e outros grandes artistas da época. Isaura Bruno fez os filmes “O Jeca e a Freira”, “A Marcha” e ”O Incrível Seguro de Castidade”. Isaura foi convidada para interpretar a personagem da (Tia Anastácia) no “Sitio do Pica-Pau Amarelo” realizado pela TV Cultura, comandada por Lúcia Lambertini e pouco tempo depois Isaura já estava, juntamente com outros atores e atrizes encabeçando o elenco da novela “O Direito de Nascer”, na extinta TV Tupi, numa adaptação de Thalma de Oliveira e Teixeira Filho do original de Felix Caignet sob direção de Lima Duarte e José Parisi. A personagem (Mamãe Dolores), interpretada por Isaura Bruno começou a comover  todos que assistiam a novela, ao ver o sofrimento da pobre mãe negra lutando pelo seu filho branco de criação (Albertinho Limonta), num mundo cheio de preconceitos. Em ”O Direito de Nascer”, Isaura Bruno foi a primeira negra a protagonizar uma novela. Após o sucesso de “O Direito de Nascer”, Isaura Bruno fez mais três novelas, “O Preço de Uma Vida”, “O Anjo e o Vagabundo” e “A Cabana do Pai Tomás”. Depois disso sua carreira declinou e ela não conseguiu mais trabalhos na televisão. Dizem que Isaura Bruno ajudou a libertar escravos na região onde vivia, com seus feitos dentro e fora das telas, pois a talentosa atriz fez parte do movimento que permitiu negros em novelas no rádio e na TV. Esse mesmo movimento deu forças à libertação de escravos na região Sul e Sudeste do país. Pobre e esquecida, Isaura morreu vendendo doces nas ruas de Campinas, interior de São Paulo. Isaura Bruno não foi mãe novamente, mas adotou Penha Marise das Neves. Isaura Bruno foi vítima de um ataque cardíaco.