Ida Szafran Wagner
(Kraśnik/POLÔNIA, 25 de setembro de 1923)
(Rio de Janeiro/RJ, 22 de fevereiro de 2009).
Ida Gomes foi uma atriz e dubladora polonesa naturalizada brasileira. Ida Gomes passou seus primeiros treze anos na França, para onde sua família se transferiu. Em Paris,Ida Gomes aperfeiçoou a língua materna, o francês e teve contato com a dramaturgia clássica francesa do século XVII - Racine, Corneille e Molière. Depois de uma rápida passagem pela Inglaterra, a família se transfere para o Brasil. Incentivada pela mãe, Ida Gomes participou e venceu um concurso de talentos lendo uma poesia no programa de Celso Guimarães na “Rádio Tupi” onde assina contrato para trabalhar em radionovelas, adotando o nome Ida Gomes. Durante vinte anos, Ida trabalhou como radioatriz, passando pela “Rádio Tupi”, pela “Rádio Globo” - onde se integrou ao elenco de Amaral Gurgel - e pela “Rádio Nacional” que vivia o auge da sua programação. Com bolsa de estudos vai para os Estados Unidos e, em seguida, para um estágio como locutora na “Rádio BBC” de Londres. De volta ao Brasil, dá inicio à sua carreira na televisão, entrando para a TV Tupi onde atua no “Grande Teatro Tupi”, teleteatro dirigido por Sérgio Britto e no “Câmera Um” seriado dirigido por Jacy Campos que encenava contos de terror. Ida Gomes atuou também nas novelas “Coração Delator” e “A Canção de Bernadete”. Ida Gomes estreia nos palcos no “Teatro do Estudante” de Paschoal Carlos Magno com as peças “O Primo da Califórnia” de Joaquim Manuel de Macedo e “Catarina da Rússia” ao lado do galã Herval Rossano. Ida Gomes trabalhou também nas peças “As Feiticeiras de Salém”, “Um Violinista no Telhado”, “A Pequena Loja de Horrores”, “Lily, Lily” que lhe rende alguns prêmios, “No Natal a Gente Vem te Buscar”, “A Fada Mofada”, “Bodas de Ouro” e “O Avarento”. Ida Gomes funda o “Teatro Israelita de Comédia” para difundir a obra e a dramaturgia de autores judeus. Ida Gomes atuou no espetáculo “Tio Vânia” de Tchecov com direção de Aderbal Freire Filho. Ida esteve no elenco de “Rainha Esther” com direção de Leon Góes. Ida Gomes fez parte do elenco de “Sete, o Musical” da dupla Charles Möeller e Cláudio Botelho, seu último trabalho em teatro. No cinema, estreia no filme “Bonitinha, mas Ordinária”. Ida Gomes atuou nos filmes “O Mundo Alegre de Helô”, “A Penúltima Donzela”, “O Casal”, “O Seminarista”, “Amante Latino”, “Primeiro de Abril, Brasil”, “Copacabana”, “My Father, Rua Alguém 5555” e “O Amigo Invisível”. Ida Gomes estreia na TV Globo na novela “A Rainha Louca”. Ida Gomes atuou nas novelas “A Gata de Vison”, “A Ponte dos Suspiros”, “A Última Valsa”, “Verão Vermelho”, “A Próxima Atração”, “Pigmaleão 70”, “O Homem que Deve Morrer”, “Selva de Pedra”, “O Bem-Amado”, “Fogo Sobre Terra”, “Helena”, “Senhora”, “O Grito”, “O Casarão”, “Estúpido Cupido”, “Dona Xepa”, “O Astro”, “Pecado Rasgado”, “Corpo a Corpo”, “De Quina pra Lua”, “Hipertensão”, “Expresso Brasil”, “Gente Fina”, “De Corpo e Alma”, “Cara e Coroa”, “A Padroeira”, “Desejos de Mulher”, “Da Cor do Pecado”, “A Lua me Disse”, “Bang Bang” e “Pé na Jaca”, nas minisséries “Memórias de um Gigolô”, “República” e “JK”, nas séries “O Bem-Amado”, “Os Normais”, “A Diarista” e “Sob Nova Direção”. Ainda na dramaturgia da TV Globo, Ida Gomes participou dos episódios “A Dama das Camélias”, “Enquanto a Cegonha Não Vem” e “Feliz na Ilusão” da série “Caso Especial” e dos episódios “Achados e Perdidos”, “Anjos Sem Asas”, “O Gosto da Vingança”, “O Rapto da Sogra” e “Dupla Traição” da série “Você Decide”. Na emissora carioca, interpretou personagens inesquecíveis como a rainha anciã (Sílvia Candiano) em “A Ponte dos Suspiros”, a inescrupulosa (Jandira Serrano) em “Verão Vermelho”, a divertida (Madre Encarnación) em “Estúpido Cupido”, a solteirona (Tia Magda) em “O Astro”, a grã-fina (Zizi de La Rocha) em “Memórias de um Gigolô”, entre tantas outras. O maior sucesso na televisão, entretanto, foi com a impagável (Dorotéia Cajazeira), uma das três (Irmãs Cajazeira) - as outras eram vividas pelas atrizes Dirce Migliaccio e Dorinha Duval - solteironas reprimidas, amigas do prefeito da fictícia Sucupira e que defendiam a moral e os bons costumes, com certa hipocrisia em “O Bem-Amado”, primeira novela em cores, escrita por Dias Gomes e dirigida por Régis Cardoso. O sucesso da novela foi tão grande que ganhou formato de seriado sete anos depois, com Ida e os mesmos protagonistas Paulo Gracindo, Lima Duarte, Emiliano Queiroz, Dorinha Duval e Dirce Migliaccio. Apesar de judia, Ida foi uma das atrizes mais escaladas para viver freiras na TV. Em entrevista a Jô Soares em seu “Programa do Jô”, Ida declarou, brincando, quando o apresentador lhe fez uma pergunta sobre as suas freiras na televisão, "Eu ainda sou judia, mas sempre me chamam para fazer a irmã de caridade, a madre superiora. A Globo tentou me converter, mas não conseguiu". Um de seus últimos trabalhos na TV foi na primeira fase da minissérie “JK", na qual era a (Irmã Maria), uma freira francesa radicada em Minas Gerais que ajudava o médico Juscelino Kubitschek - vivido nessa fase pelo ator Wagner Moura - a cuidar dos feridos na batalha militar entre os Estados de Minas e São Paulo. Paralelo à televisão, Ida se dedicou à dublagem. Integrou o elenco estelar da “Cine Castro” dirigida por Carla Civelli, onde dublou ao lado de Nathália Thimberg, Alberto Pérez, Cláudio Corrêa e Castro, Ângela Bonatti, José Miziara, Daniel Filho e Cláudio Cavalcanti. Ida Gomes se torna a voz oficial de Bette Davis e Joan Crawford em seus principais desempenhos no cinema para as versões na televisão. Criadora de personagens marcantes na televisão e no teatro, Ida se dedicou integralmente à carreira e ao convívio com os amigos, sendo considerada por todos uma mulher de forte personalidade e de talento comprovado. Ida Gomes era irmã do ator Felipe Wagner e tia da atriz Débora Olivieri e do músico Daniel Szafran. Ida tinha sessenta e cinco anos de carreira quando morreu e preparava a peça “Idas e Vindas”, que estava sendo escrita para ela. Ida Gomes tinha sido escolhida como a grande homenageada da 21ª edição do “Prêmio Shell” de “Teatro do Rio”, pela contribuição ao teatro brasileiro. De acordo com parentes, ela estava preparando o discurso de agradecimento com muita alegria, mas morreu antes, vítima de parada cardíaca em consequência de uma pneumonia.