Cândido Gil Gomes Jr.
(São Paulo/SP, 13 de junho de 1940)
(São Paulo/SP, 16 de outubro de 2018).
Gil Gomes foi um foi um jornalista, advogado, repórter e apresentador de rádio e televisão brasileiro. Gil Gomes era bastante popular graças ao seu estilo personalíssimo de voz, seus gestos e o jeito se vestir. Gil Gomes era torcedor da “Associação Portuguesa de Desportos”. Paulistano nascido e criado na Moóca, Gil vendia balas e santinhos na porta de uma igreja, onde, mais tarde, foi aceito como congregado mariano. Gil Gomes sofria de gagueira e para superá-la tentava imitar os locutores esportivos que ouvia pelo rádio. O método funcionou graças, segundo afirmava, a sua força de vontade. Gomes foi convidado a ser locutor nas quermesses da igreja e descobriu que a comunicação era sua vocação. Gil Gomes abandonou assim a ideia de ser médico, como desejava seu pai. Numa dessas quermesses, recebeu o convite para seu primeiro emprego na “Rádio Progresso”, como locutor esportivo. Na mesma função, passou por várias rádios paulistanas e do interior até chegar à “Rádio Marconi”. Quando a rádio parou de fazer coberturas esportivas, Gil passou a integrar o departamento de jornalismo da emissora, cuja chefia assumiu mais tarde. Na mesma rádio, trabalhava Ana Vitória Vieira Monteiro, dramaturga, poetisa e escritora, com quem Gil Gomes casou e teve três filhos, Guilherme Gil Gomes, Daniel e Vilma num casamento que durou catorze anos. Guilherme trabalhou com o pai até sua morte prematura, de hepatite C. O segundo filho o empreendedor de sucesso Daniel, ocupa o posto deixado vago pelo irmão, é casado e pai de três filhas. A terceira filha, Vilma é advogada, casada e mãe de um filho. Gil Gomes tinha orgulho de ser amigo de sua ex-mulher, com a qual desenvolveram uma relação de respeito e amizade. Gil Gomes foi casado pela segunda vez com Eliana, com quem teve duas filhas: Flávia e Nataly. Num incidente, nasceu casualmente o repórter policial Gil Gomes. Gil realizava entrevistas pelo telefone com políticos, quando tomou conhecimento que um caso de agressão sexual estava ocorrendo no edifício onde a rádio estava instalada. Num impulso, resolveu fazer a cobertura do caso ao vivo. Desceu as escadas do prédio com o microfone na mão, fazendo locução e entrevistando os envolvidos e as testemunhas. A “Rádio Marconi” obteve uma audiência recorde com essa cobertura e Gil concluiu que um programa policial ao vivo era o caminho a seguir. Mas foi um caminho difícil, pois o regime militar não tolerava críticas ao trabalho da polícia. Para agravar a situação, a “Rádio Marconi” já era visada pelas autoridades por adotar, em seu noticiário, uma linha de oposição ao governo. Várias vezes - mais de trinta - conforme afirmava o próprio Gil - ele e sua equipe foram presos e a rádio retirada do ar. De todas as prisões, Gil Gomes conseguiu se livrar sem maiores consequências por conta de sua amizade com policiais. Quando a programação da rádio começou a sofrer censura prévia, Gomes narrava no ar historinhas infantis e receitas culinárias em substituição ao noticiário censurado. Mas não só as autoridades o hostilizavam. Ao colaborar com sua equipe na elucidação de crimes, passou também a sofrer ameaças de morte de bandidos. Concorria com o primeiro repórter policial da “Rádio Bandeirantes”, José Gil Avilé, o (Beija-Flor). Gil veio a apresentar um programa também na “Rádio Tupi”. Para se diferenciar do jornalismo sisudo e bem comportado da TV Globo, o SBT idealizou o jornal diário “Aqui Agora” como um jornal popular no formato e na linguagem. Entre os convidados para integrar a equipe de locutores e repórteres do jornal, estavam Gil Gomes aparecendo ao lado de Sônia Abrão, Celso Russomanno, Jacinto Figueira Jr. (o homem do sapato branco) e Wagner Montes, entre tantos outros. Como o “Aqui Agora” dava ênfase a reportagens sobre acidentes graves e crimes de toda sorte, Gil teve um papel destacado. Foi quando Gil Gomes aprimorou o visual, a voz e o gestual, que caíram no gosto do grande público e serviram de inspiração para os imitadores dos programas de humor. Vestido invariavelmente com uma camisa de cores berrantes, como se tivesse sido comprada numa banca de camelô de um bairro popular, a mão direita empunhando o microfone e a esquerda gesticulando em horizontal como se alisasse o pelo de um cão, Gil narrava os fatos diretamente na cena do crime com sua voz arrastada e grave, que crescia em volume nos momentos mais dramáticos. Gil Gomes usava frases curtas, que às vezes nem chegava a completar. Nas entrevistas, Gil Gomes não adotava uma posição neutra, se emocionava diante das vítimas e explodia de indignação diante dos criminosos. O “Aqui Agora” fez tanto sucesso que passou mais tarde a ter duas edições diárias. Mas com o aparecimento de concorrentes, foi perdendo audiência e saiu do ar. Gil Gomes foi contratado pela TV Gazeta para ser repórter do “Mulheres”. A “Escolinha do Barulho” foi ao ar pela TV Record, quando a TV Globo deixou de apresentar a “Escolinha do Professor Raimundo” e dispensou diversos atores cômicos do elenco, os quais a TV Record resolveu contratar para fazer um programa semelhante. Como inovação, em vez de um único professor, a “Escolinha do Barulho” tinha quatro professores fixos. Dedé Santana, Mieli, Bemvindo Sequeira e Gil Gomes. Gil Gomes participou do humorístico “Meu Cunhado” do SBT, no episódio “Onde Está Alzira?” fazendo o personagem (APC). Gil Gomes foi repórter e apresentador do “Repórter Cidadão”, da Rede TV!. Gil Gomes se afastou da família e dos amigos, bem como da TV e do rádio. O quase meio século de carreira foram aparentemente encerrados pelo mal de Parkinson. Gil Gomes foi recebido pelo apresentador e jornalista Geraldo Luís no programa “Domingo Show”, da TV Record, quando Gil Gomes concedeu uma célebre entrevista, relembrando sua trajetória no rádio e televisão. Gil Gomes retornou à televisão, contratado pela TV “Ultrafarma” para desenvolver um trabalho de reportagens e comentários. Gil Gomes lutava contra um câncer no fígado. Gil Gomes estava internado em São Paulo e morreu um dia depois de passar mal no hospital. Gil Gomes deixou nove netos.