Alfredo de Freitas Dias Gomes
(Salvador/BA, 19 de outubro de 1922)
(São Paulo/SP, 18 de maio de 1999).
Dias Gomes foi um romancista, dramaturgo, autor de novelas e membro da “Academia Brasileira de Letras”. Conhecido pelo seu casamento com a também escritora Jenete Stocco Emmer mais conhecida como Janete Clair. Dias Gomes era filho de Alice Ribeiro de Freitas Gomes e Plínio Alves Dias Gomes, um engenheiro. Dias Gomes fez o curso primário no “Colégio Nossa Senhora das Vitórias” dos Irmãos Maristas e iniciou o secundário no “Ginásio Ipiranga”. Dias Gomes se mudou com a família para o Rio de Janeiro, onde prosseguiu o curso secundário no “Ginásio Vera Cruz” e posteriormente no “Instituto de Ensino Secundário”. Aos vinte e dois, Dias Gomes ingressou na “Faculdade de Direito” do Rio de Janeiro, abandonando o curso no terceiro ano. Foi no ambiente radiofônico que Dias Gomes travou contato pela primeira vez com aquela que viria a se tornar sua primeira esposa, a então desconhecida Janete Clair. Com ela teve os filhos Alfredo Dias Gomes, Guilherme Dias Gomes, Marcos Plínio (falecido) e Denise Emmer. Viúvo de Janete Clair, Dias se casa com a atriz Bernadeth Lyzio, com quem tem as filhas Mayra Dias Gomes (escritora) e Luana Dias Gomes. Essencialmente um homem de teatro, Dias Gomes escreveu sua primeira peça, “A Comédia dos Moralistas”, com a qual ganharia o prêmio do “Serviço Nacional de Teatro” e pela “União Nacional dos Estudantes - (UNE)”. A peça “Amanhã Será Outro Dia”, de sua autoria, chega às mãos do ator Procópio Ferreira que, empolgado com a qualidade do texto, chama o autor para uma conversa. Embora tivesse gostado do que lera, tratava-se de um drama antinazista e Procópio achava arriscado levar à cena um espetáculo desse porte em plena “Segunda Guerra Mundial”. Quando questionado se não teria outra peça, uma comédia talvez, Dias lembrou-se de “Pé de Cabra”, uma espécie de sátira ao maior sucesso de Procópio até então e não hesitou em levá-la ao grande ator que, entusiasmado, comprometeu-se a encená-la. Sob a alegação de que a peça possuía alto conteúdo marxista, “Pé de Cabra” seria proibida no dia da estreia. Curioso notar que, embora, anos depois, o autor viesse a se filiar ao “Partido Comunista Brasileiro”, até então Dias Gomes nunca havia lido uma só linha de Karl Marx. Graças à sua influência, Procópio consegue a liberação da peça, mediante o corte de algumas passagens e a mesma é levada à cena com grande sucesso. No ano seguinte, Dias Gomes assinaria com Procópio aquele que seria o primeiro grande contrato de sua carreira, no qual se comprometia a escrever com exclusividade para o ator. Desse período nasceram “Zeca Diabo”, “João Cambão”, “Dr. Ninguém”, “Um Pobre Gênio” e “Eu Acuso o Céu”. Infelizmente nem todas as peças foram encenadas, pois logo Dias e Procópio se desentenderam por sérias divergências políticas. Refletindo o pensamento da época, Procópio não concordava com as preocupações sociais que Dias insistia em discutir em suas peças. Tais diferenças levariam o autor a se afastar temporariamente dos palcos e ele passou a se dedicar ao rádio. Em duas décadas Dias Gomes adaptou cerca de quinhetas peças teatrais para o rádio, o que lhe proporcionou apurado conhecimento da literatura universal. Dias Gomes volta aos palcos com aquele que viria a ser o maior êxito de sua carreira: a peça teatral “O Pagador de Promessas”. Adaptada para o cinema por Anselmo Duarte, “O Pagador de Promessas” seria o primeiro filme brasileiro a receber uma indicação ao “Oscar” e o único a ganhar a “Palma de Ouro” em Cannes. Dias Gomes assiste, perplexo, à proibição de sua peça “O Berço do Herói”, no dia da estreia. Adaptada para a televisão com o nome de “Roque Santeiro”, a mesma seria proibida uma década depois, também no dia de sua estreia. Somente com o fim do “Regime Militar”, o público iria poder conferir a “Roque Santeiro” - que, diga-se de passagem, viria a se tornar uma das maiores audiências do gênero. Com a implantação da Ditadura Militar no Brasil, Dias Gomes passa a ter suas peças censuradas, uma após a outra. Demitido da “Rádio Nacional”, graças ao seu envolvimento com o “Partido Comunista”, não lhe restou outra saída senão aceitar o convite de Boni, então presidente da TV Globo, para escrever para a televisão. Durante toda uma década Dias Gomes dedica-se exclusivamente ao veículo, no qual demonstra incomum talento. Dias Gomes levaria o povo do subúrbio carioca para a TV quando ambientou ali a trama da novela “Bandeira 2”. Dias Gomes escreveu a primeira novela em cores da televisão brasileira, o estrondoso sucesso “O Bem Amado”. Quando já se falava em ecologia e no crescimento desordenado da cidade fez a novela “O Espigão”. Em “Saramandaia” abordaria o realismo fantástico, então em moda na literatura. O fracasso de “Sinal de Alerta” leva Dias Gomes a se afastar do gênero novela temporariamente. Dias Gomes voltaria a se dedicar ao teatro, escrevendo para a televisão esporadicamente. Datam desse o período os seriados “O Bem Amado” e “Carga Pesada” - apenas no primeiro ano - e as novelas “Roque Santeiro” e “Mandala”, das quais escreveria apenas parte. Dias Gomes viraria as costas de vez para as novelas, se dedicando única e exclusivamente às minisséries. Dias Gomes foi eleito para a “Academia Brasileira de Letras”. Dias Gomes escreveu diversas obras para o teatro, literatura, cinema e televisão. Dias Gomes estreou na televisão com a novela “A Ponte dos Suspiros” e fez também as novelas “Verão Vermelho”, “Assim na Terra Como no Céu”, “Araponga” e o remake de “Irmão Coragem” (orinalmente de Janete Clair) e o argumento de “Saramandaia” e “O Fim do Mundo”. São de sua autoria também as minisséries “Expresso Brasil”, a ainda inédita “Um Tiro no Coração”, “O Pagador de Promessas”, “As Noivas de Copacabana”, “Decadência”, “Dona Flor e Seus Dois Maridos” e “O Bem Amado”. Algumas obras de Dias Gomes como “Assim na Terra Como no Céu” e “O Bem Amado” foram adaptadas para outros países. Dias Gomes morreu num acidente automobilístico em um táxi.