CASSIANO GABUS MENDES (64 anos)
Cassiano Gabus Mendes
(São Paulo/SP, 29 de julho de 1929)
(São Paulo/SP, 18 de agosto de 1993).
Cassiano Gabus Mendes foi um radialista, ator, diretor, autor de novelas e pioneiro da televisão no Brasil. Filho do radialista Otávio Gabus Mendes. Cassiano foi um profissional extremamente versátil, tendo sido também diretor, produtor, sonoplasta e contra regra. Antes da inauguração da televisão no Brasil, Lima Duarte fora escolhido para ser o principal diretor da futura TV Tupi, mas recusou. Cassiano foi a segunda opção e se tornou assim o primeiro diretor artístico da televisão brasileira, comandando a TV Tupi por mais de uma década. Na primeira década criou vários programas que entraram para a história da televisão, como “TV de Vanguarda” e “Alô Doçura”. Após uma breve passagem pela TV Excelsior voltou à Tupi e concebeu outro marco, a novela “Beto Rockfeller”. Com a decadência da Tupi passou brevemente pela TV Cultura antes de chegar à TV Globo, na qual só encontrou vaga como autor de novelas. Como não havia melhor opção, aceitou e se tornou um dos maiores autores do gênero. Cassiano dizia que a vantagem de ser um autor era a de que não precisava comparecer à emissora diariamente. A crítica demorou a reconhecer o brilhantismo de Cassiano. Suas novelas eram vistas como exibições fúteis do conflito entre ricos e pobres, até se começar a notar que Cassiano, na verdade, era um amargo observador da mesquinharia humana e que a futilidade dos personagens era vista com um olhar impiedoso e cruel. Cassiano não admirava nem um pouco seus personagens, eles eram um retrato amargo de uma sociedade vazia e superficial. A novela “Anjo Mau” foi seu sucesso mais popular, protagonizado por Suzana Vieira e que ganharia um remake protagonizada por Glória Pires e adaptado por Maria Adelaide Amaral. O remake também foi bem sucedido, mesmo não repetindo o estrondoso sucesso da versão original - que, segundo consta, contava até com o ex-presidente Juscelino Kubitschek como fã. Embora tenha escrito sucessos como “Locomotivas”, “Te Contei?” e “Marron Glacê” se consagrou mesmo, conseguindo grandes êxitos de público e crítica com outras inesquecíveis tramas do horário das sete da noite, como “Elas Por Elas”, “Ti-Ti-Ti”, “Brega & Chique” e principalmente “Que Rei Sou Eu?”. Essa última era uma inteligente sátira em forma de aventura, capa e espada à situação política do Brasil no final do governo Sarney. Cassiano Gabus Mendes escreveu também duas novelas para o horário nobre, “Champanhe” e “Meu Bem, Meu Mal”. Sua grande característica era a de imprimir um delicioso tom irônico nos seus trabalhos, elaboradas e sofisticadas sátiras de costumes. Outro traço marcante era o de suas tramas raramente ultrapassarem o número de trinta personagens, assim, todos participavam diretamente do segmento da ação principal. Autores renomados como Sílvio de Abreu, Maria Adelaide Amaral e Carlos Lombardi, veem-no como uma grande influência. Lombardi até prestou uma homenagem a ele, escalando-o como ator em “Perigosas Peruas“. Cassiano a essa altura não atuava há décadas. Inicialmente ele faria apenas uma participação especial, mas acabou ficando a novela inteira, embora depois confessasse não ter gostado da experiência. Seus dois filhos, Cássio Gabus Mendes e Tato Gabus são importantes atores brasileiros, bem como seu cunhado Luiz Gustavo. Algumas de suas novelas foram reencenadas na TV chilena. O remake de “Marron Glacê” fez tanto sucesso que teve uma segunda parte, o que não aconteceu com o original. Cassiano Gabus Mendes morreu de infarto do miocárdio, faltando menos de três semanas para o desfecho de sua última novela “O Mapa da Mina”.