Abigail Izquierdo Ferreira                             

(Rio de Janeiro/RJ, 01 de junho de 1922)         

(Rio de Janeiro/RJ, 13 de fevereiro de 2019).

Bibi Ferreira foi uma atriz, cantora, compositora, diretora e apresentadora brasileira de ascendência portuguesa, espanhola e argentina. Bibi Ferreira era filha do ator carioca Procópio Ferreira e da bailarina argentina Aída Izquierdo e neta paterna dos portugueses Francisco Firmino Ferreira e Maria de Jesus Quental, ambos oriundos da Ilha da Madeira. Pela parte materna, é neta dos espanhóis Antônio Izquierdo e Irma Queirolo. Bibi Ferreira se casou seis vezes. Seu primeiro matrimônio com o diretor Carlos Martins Lage durou dez anos. O segundo casamento foi com o ator Armando Carlos Magno, primo de Paschoal Carlos Magno. Desta união, que durou um ano apenas, teve sua única filha, Tereza Cristina Izquierdo Magno, nascida no Rio de Janeiro. O terceiro casamento, que durou dois anos, foi com o ator e diretor Herval Rossano. Dois anos também foi o tempo que durou seu quarto casamento, com o ator Edson França. Durante um ano Bibi Ferreira viveu ao lado do ator Paulo Porto e, finalmente, foi casada durante oito anos com o ator Paulo Pontes de quem ficou viúva. Bibi Ferreira manteve outros relacionamentos ao longo de sua vida, mas não quis mais se casar novamente. Bibi Ferreira fez sua estreia teatral aos vinte e quatro dias de vida, na peça “Manhãs de Sol” de Oduvaldo Viana, substituindo uma boneca que desaparecera pouco antes do início do espetáculo. Logo após os pais se separaram, Bibi passou a viver com a mãe, que foi trabalhar na “Companhia Velasco”, uma companhia de teatro de revista espanhola. Seu primeiro idioma, até os quatro anos, foi o espanhol. O idioma português e o grande amor pela ópera ela viria a aprender com o pai. Bibi Ferreira se tornou a atriz mirim mais festejada do Rio de Janeiro. Bibi entrou para o corpo de baile do "Teatro Municipal do Rio de Janeiro", onde permaneceu por longo tempo, até estrear na companhia do pai. Aos nove anos teve negada a matrícula no “Colégio Sion”, em Laranjeiras, por ser filha de um ator de teatro. Bibi Ferreira completou o curso secundário no “Colégio Anglo-Americano”. Bibi Ferreira estreou profissionalmente na peça “La Iocandiera” quando interpretou (Mirandolina). Depois Bibi Ferreira montou sua própria companhia teatral, reunindo alguns dos nomes mais importantes do teatro brasileiro, como Cacilda Becker, Maria Della Costa e a diretora Henriette Morineau. Bibi Ferreira foi para Portugal, onde, durante quatro anos, dirigiu e atuou sempre em peças de grande sucesso. Mais tarde, viriam os sucessos de musicais, como “Minha Querida Dama” ("My Fair Lady"), estrelado por Bibi Ferreira e Paulo Autran. Nessa época atuou também em musicais de teatro e televisão. Bibi Ferreira apresentou, ao vivo, durante dois anos, na TV Excelsior um programa em que entrevistava os maiores nomes do teatro da época. Bibi Ferreira participou, atuando ou dirigindo, de alguns dos grandes espetáculos teatrais e musicais montados no Brasil. A artista dirigiu “Brasileiro, Profissão: Esperança” de Paulo Pontes (foi numa das versões desse espetáculo que pela primeira vez dirigiu a cantora Maria Bethânia, na outra versão dirigiu Clara Nunes), dirigiu Walmor Chagas, Marília Pêra, Marco Nanini e outros grandes artistas em “Deus Lhe Pague”, de Joracy Camargo. Bibi Ferreira atuou em “O Homem de La Mancha” ao lado de Paulo Autran, com tradução de Paulo Pontes e direção de Flávio Rangel, além das versões de Chico Buarque e Ruy Guerra para as canções, participou de “Gota d'Água” de Chico Buarque e Paulo Pontes. Bibi Ferreira dirigiu de textos comerciais a peças de dramaturgia sofisticada, de musicais de grande porte a dramas intimistas. Bibi dirigiu “Toalhas Quentes” de Marc Camoletti, “Um Rubi no Umbigo” de Ferreira Gullar, “Calúnia” de Lillian Hellman. Em “O Melhor dos Pecados” de Sérgio Viotti  que teve sua direção e produção, promoveu a volta aos palcos, depois de duas décadas de ausência da atriz Dulcina de Moraes. Sua volta aos palcos como atriz se deu em “Piaf, a Vida de Uma Estrela da Canção”, espetáculo de grande sucesso de público e crítica. Por sua atuação, Bibi recebeu os prêmios “Mambembe” e “Molière”, da "Associação dos Produtores de Espetáculos Teatrais do Estado de São Paulo" (APETESP) e "Governador do Estado". O espetáculo, que fez muitas viagens, permaneceu seis anos em cartaz e, em quatro anos, atingiu um milhão de espectadores, incluindo uma temporada em Portugal, com atores portugueses no elenco. Bibi Ferreira dirigiu inúmeros programas de televisão e shows de artistas da música popular brasileira. Anos depois, Bibi Ferreira reviveu seus maiores sucessos, remontando “Brasileiro, Profissão: Esperança” e fazendo um espetáculo em que cantava canções e contava histórias de Edith Piaf. Em “Bibi in Concert”, comemorou cinquenta anos de carreira e, depois de anos de temporada, fez o “Bibi in Concert 2”.  Bibi Ferreira recebeu o “Prêmio Sharp”, encenou “Roque Santeiro” de Dias Gomes, em versão musical, dirigiu pela primeira vez uma ópera, “Carmen” de Georges Bizet. No carnaval de 2003, Bibi Ferreira foi homenageada na Avenida Marquês de Sapucaí pela “Escola de Samba Unidos do Viradouro”. Bibi Ferreira começou a realizar espetáculos focados em apenas um artista, como a francesa Edith Piaf, a portuguesa Amália Rodrigues e o americano Frank Sinatra. Após meio século afastada do teatro de comédia, volta ao palco fazendo “Às Favas Com os Escrúpulos”, texto de Juca de Oliveira e direção de Jô Soares. Em 2015, Bibi Ferreira entrou para a lista das “10 Grandes Mulheres que Marcaram a História do Rio”. Aos 95 anos. Bibi Ferreira faz sua turnê de despedida com “Bibi - Por Toda Minha Vida”, espetáculo só com músicas brasileiras. Bibi Ferreira morreu de parada cardíaca em seu apartamento.