Waltel Blanco                              

(Paranaguá/PR, 22 de novembro de 1929)                

(Rio de Janeiro/RJ, 28 de novembro de 2018).

Waltel Blanco foi um maestro, violonista, compositor, produtor e arranjador  brasileiro com atuação em música, rádio, teatro e TV. Waltel Blanco nasceu em uma família de músicos e começou tocando bateria e violão para depois passar para o cavaquinho e o violoncelo. Waltel formou uma jazz-band com o irmão Ismael na bateria e Gebran Sabag no piano. Sua infância e adolescência foram marcadas pelo estudo da música e religião, alternadas entre as cidades de Curitiba e Rio de Janeiro. Os estudos musicais se consolidaram no período em que esteve no seminário, com o chileno Joquín Zamacois. Entre seus mestres da época, nomes como Bento Mossurunga, padre José Penalva, Jorge Koshag, Stanley Wilson e Alceo Bocchino contribuíram para sua formação. Waltel Blanco rumou para o Rio de Janeiro e em seguida para Cuba, ainda na juventude, juntamente com a cantora Lia Ray, para ser arranjador, diretor musical e violonista do conjunto que formaram. Neste país, Waltel Blanco teve a oportunidade de tocar com Perez Prado, Mongo Santamaria e Chico O'Farrel, ajudando a criar a mistura de jazz, música cubana e brasileira que veio a alterar a salsa e, posteriormente, influenciar o jazz fusion, do qual Waltel Blanco é considerado um dos precursores. Já nos Estados Unidos, Waltel Blanco integrou o trio do baterista Chico Hamilton. Voltando ao Brasil, Waltel Blanco teve importância fundamental na formatação da bossa nova, morando em uma pensão junto com João Gilberto, com quem desempenhou longa parceria, sendo arranjador e amigo desde então. No Rio de Janeiro, Waltel Blanco gravou os discos “Guitarra em Chamas 1”  “Guitarra em Chamas 2” , juntamente com o violonista Baden Powell e tendo contato com a então inovadora bossa nova, participou dos arranjos de “Chega de Saudade” de João Gilberto, com quem veio a trabalhar por um longo período. Depois de pequenas passagens pela Europa e Ásia, Waltel Blanco decidiu estudar música e trilha sonora, rumando novamente aos Estados Unidos, onde teve contato com a música incidental do maestro Stanley Wilston e com o violonista Sal Salvador, que por sua vez tocava com Nat King Cole com quem Waltel Blanco veio a formar um trio, além de produzir um disco para o irmão Fred Cole e para a filha Natalie Cole. Mais tarde, Waltel Blanco conheceu a cantora Peggy Lipton (que se casou com Quincy Jones) e sua irmã Lede Saint-Clair, com quem Waltel Blanco veio a se casar. Com a carreira agitada pelo jazz e pela música erudita, em meio a grandes nomes, Waltel Blanco acabou por conhecer o maestro Henry Mancini e a integrar a equipe que este comandava, responsável por várias trilhas sonoras e composições, entre as quais a famosa “Pantera Cor-de-Rosa”. Ainda nos Estados Unidos, Waltel Blanco trabalhou e gravou com Franco Rosolino, Charles Mariano, Sam Noto, Dizzy Gillespie, Mel Lewis e Max Bennett. Waltel Blanco veio a se encontrar com o empresário Roberto Marinho que, reconhecendo seu talento, o chamou para a então jovem Rede Globo, onde viria a fazer parte de um seleto time seleto de músicos como a Radamés Gnatalli, César Guerra Peixe e Guido de Moraes que iria compor trilhas musicais para os programas e novelas. Na Espanha, Waltel Blanco acabou por vencer um concurso da “Rádio Difusora Francesa” e veio a estudar violão com Andrés Segovia, um dos maiores violonistas do mundo. Em Roma, Waltel esteve com Chico Buarque, Elis Regina, João Gilberto e diversos outros músicos brasileiros e estrangeiros. Waltel Blanco tocou com Dorival Caymmi, Nana Caymmi, João Gilberto, fez arranjos para Roberto Carlos, Cazuza, Tim Maia, Djavan, Cartola, Gal Costa, Maria Creuza, Vanusa, Mercedes Sosa, Astor Piazzola, Zé Keti, Pery Ribeiro, Sérgio Ricardo, Zé Rodrix, Tom Jobim, Tomaz Lima e muitos outros, chegando até a fazer um arranjo do “Hino Nacional Brasileiro” para a “Orquestra de Viena” executar. Waltel Blanco teve músicas gravadas por diversos artistas como Elis Regina no Brasil, e Eva Fampas na Grécia. Alguns dos seus discos de início de carreira são hoje considerados raríssimos e valiosos no mercado para colecionadores. Como instrumentista, Waltel Blanco lançou OITO discos, inclusive um, acompanhado da cantora e compositora Rosinha de Valença. Waltel Blanco escreveu a trilha sonora da novela “Assim na Terra Como no Céu” de Dias Gomes, com direção de Walter Campos. Também compôs para a novela “Cuca Legal” de Marcos Rey. Waltel Blanco assumiu a regência da “Orquestra Sinfônica de Ponta Grossa - OSPG” no Paraná, para a qual musicou o poema “Os Poentes da Minha Terra” de Anita Philipovsky. Waltel Blanco foi eleito presidente do “Fórum de Música do Paraná”, engajando-se na defesa da música brasileira junto as esferas públicas como “Câmara Setorial de Música do Ministério da Cultura” e “Conferência Nacional de Cultura”. Waltel Blanco é destacado no livro “A [Des]Construção da Música na Cultura Paranaense” de Manoel J. de Souza Neto, o que resulta em uma série de outras homenagens. Além disso, Waltel Blanco teve um breve relato de sua história contada através do documentário “Descobrindo Waltel” de Alessandro Gamo, onde ilustres personalidades como Ed Motta, Roberto Menescal e o maestro Júlio Medaglia, entre outros, ajudaram a contar sua vida. O comentarista Luiz Nassif escreveu artigo se referindo a Waltel Blanco como grande mestre da música brasileira que ainda espera por reconhecimento. Waltel Blanco lançou o disco “Meu Novo Balanço”, com músicas de outros dos seus álbuns e algumas inéditas como "Fera Pantera", na qual, por sugestão de Chico Buarque, fez uma versão da música da (Pantera Cor de Rosa) voltada para educação. Waltel Blanco foi "Artista Homenageado" pelo “Festival de Artes do Estado do Paraná”. Em Curitiba, capital do Paraná foi lançado o livro “A Obra Para Violão de Waltel Branco” com mais de QUARENTA partituras revisadas por Cláudio Menandro. O livro contém ainda UM resumo detalhado da biografia de Waltel Blanco. Waltel Blanco recebeu o título de “doutor honoris causa” pela “Universidade Federal do Paraná - UFPR” como compositor, arranjador e multi-instrumentista paranaense. Também foi destaque o fato deste ser o primeiro título de doutor honoris causa” da instituição concedido a um músico. Waltel Blanco morreu em sua residência em decorrência de diabetes.