Ubirajara Fidalgo da Silva
(Caxias/MA, 22 de junho de 1949)
(Rio de Janeiro/RJ, 03 de julho de 1986).
Ubirajara Fidalgo foi um dramaturgo, ator, produtor, apresentador, diretor e empresário brasileiro com atuação em teatro e TV. Ubirajara Fidalgo é cocriador do “Teatro Profissional do Negro - TEPRON”. Ubirajara Fidalgo foi uma das grandes figuras emblemáticas do “Movimento Negro” no Brasil nas décadas de 1970 e 1980 e fundador do “Teatro Profissional do Negro”, ao lado de sua companheira, Alzira Fidalgo, que aliou a montagem de textos teatrais tradicionais às questões relevantes ao racismo e discriminação no Brasil contemporâneo. Ubirajara Fidalgo foi pioneiro ao levar aos palcos debates políticos de cunho social com a participação e interatividade do público, além de ter sido precursor na inclusão de atores de periferias e favelas em uma Cia. de teatro profissional, através da promoção de oficinas e workshops profissionalizantes. Aos DEZOITO anos, Ubirajara Fidalgo se muda para o Rio de Janeiro e encena no “Teatro Thereza Rachel” o espetáculo “Otelo” de William Shakespeare como diretor e ator principal. “Otelo” foi a primeira montagem do “TEPRON”, cujas encenações posteriores foram, entre outras, os espetáculos "A Boneca da Lapa", a peça infantil “Os Gazeteiros”. A filosofia do “TEPRON” era a encenação de textos de Fidalgo relacionados às questões políticas e sociais e principalmente à problemática e os conflitos do negro na sociedade brasileira. O “TEPRON” passou a realizar oficinas de interpretação itinerantes buscando formar uma unidade como grupo pautada na questão social, atuando principalmente com alunos de comunidades carentes e periferias junto com um elenco de atores profissionais. O conceito era profissionalizar pessoas dessas camadas sociais e inseri-las no contexto artístico e político das peças da companhia. Com a primeira montagem do monólogo "Desfulga", Fidalgo amplia ainda mais o leque político de suas encenações ao oferecer, após cada espetáculo, um debate entre ele, ilustres convidados e o público, debates esses que visavam um questionamento mais profundo acerca de assuntos sugeridos pelos textos de Fidalgo o que logo chamou a atenção de políticos, artistas, pesquisadores, ativistas sociais e estudantes além de vários grupos do “Movimento Negro” e de outros grupos minoritários. O racismo, o preconceito, a homofobia, a misoginia, a desigualdade social e a então ditadura militar eram assuntos amplamente abordados nos debates pós-peça que percorreu teatros e ocupações da cidade. Com o “TEPRON” Fidalgo chegou a encenar ao mesmo tempo TRÊS peças, ("Desfulga", "Fala Pra Eles Elisabete" e a infantil "Os Gazeteiros") que ficaram TRÊS anos em cartaz. A filosofia do “TEPRON” era a encenação de textos relacionados às questões políticas e sociais e principalmente à problemática e os conflitos do negro na sociedade brasileira. O “TEPRON” foi a primeira companhia teatral afro-brasileira do Rio de Janeiro e a segunda do Brasil, depois do “Teatro Experimental do Negro - TEN” fundada por Abdias do Nascimento. Ubirajara Fidalgo, junto com outros, é um dos principais articuladores da fundação, no Rio de Janeiro, do “Instituto de Pesquisa e Cultura Negra - IPCN”, organização de relevância no quadro do movimento social negro e cuja manutenção devia-se à contribuição de centenas de sócios. Uma das poucas entidades do gênero a ter sede própria, passou a enfrentar problemas financeiros, tendo que fechar as portas subsequentemente. Posteriormente ao lado do professor, jornalista e pesquisador das raízes históricas brasileiras, Joel Rufino dos Santos, Fidalgo se engaja na criação da “Associação Cultural de Apoio as Artes Negras - ACAAN”. O último trabalho de Ubirajara Fidalgo foi a encenação da peça "Tuti", no “Teatro Calouste Gulbenkian”, hoje “Centro de Artes Calouste Gulbenkian”. A peça ficou UM ano em cartaz e Fidalgo assumiu as funções de diretor e coprodutor. A peça foi reencenada TREZE anos mais tarde no “Teatro Sesc Copacabana” com os atores Déo Garcez, Jorge Maya, Jalusa Barcellos e Carla Costa e direção de Cyrano Rosalém, tendo sido um dos primeiros projetos culturais a percorrer o circuito das Lonas Culturais no estado do Rio de Janeiro. Ubirajara Fidalgo foi também apresentador de TV. Ubirajara Fidalgo foi casado com a produtora Alzira Fidalgo com quem teve UMA filha, a cineasta Sabrina Fidalgo. Vítima de acidente de carro na infância, Ubirajara Fidalgo sofria, d3esde então, de insuficiência renal. Ubirajara Fidalgo morreu poucos meses após ter recebido um transplante de rins.