João José Pereira de Souza
(Rio de Janeiro/RJ, 23 de agosto de 1934)
(Paris/FRANÇA, 13 de junho de 2021).
Raul de Souza também conhecido por Raulzinho do Trombone foi um trombonista, saxofonista e músico brasileiro com atuação em música, rádio, teatro e TV. A ideia de Raul era tocar somente saxofone. Porém, por conta do curto orçamento familiar (sua família era pobre), ele foi obrigado a comprar um trombone de válvula. E foi com este instrumento que Raul de Souza se tornou um dos melhores do mundo. Raul de Souza trabalhou e/ou gravou com Sérgio Mendes, Flora Purim, Airto Moreira, Milton Nascimento, Sonny Rollins, Cal Tjader e a banda de jazz fusion “Caldera”, além de ter participado em vários festivais internacionais de jazz. Sua primeira gravação foi com a "Turma da Gafieira", que continha, entre outros, os músicos Baden Powell e Sivuca. Raul de Souza foi eleito melhor músico no programa de Paulo Santos, pela “Rádio MEC” do Rio. O nome artístico foi um “presente” de Ary Barroso, que disse que João não era nome de trombonista e sim Raul (fazendo referência ao grande trombonista Raul de Barros). Reconhecido pelo improviso suingado e pelo samba-jazz, Raul de Souza é o inventor do "souzabone", um trombone de pistão com quatro válvulas, uma a mais do que no instrumento tradicional. Não à toa, seus solos e improvisos são amplamente estudados por trombonistas das principais escolas de música popular do mundo. Com a canção “Sweet Lucy”, lançada em álbum de mesmo nome, Raul de Souza obteve sucesso mundial. Raul de Souza entrou para a “Banda da Força Aérea Brasileira”, no "CINDACTA II”, em Curitiba. Raul de Souza trabalhou em Curitiba, numa boate instalada dentro do Passeio Público. Raul de Souza gravou o histórico LP "Você Ainda Não Ouviu Nada", com Sérgio Mendes e o grupo “Bossa Rio”, excursionando pela Europa e Estados Unidos. Raul de Souza fez parte do grupo musical “A Turma da Pilantragem”. Foi nesta época que tocou na “Orquestra Carioca” na “Rádio Mayrink Veiga”, participando de programas televisivos e acompanhando os músicos que iam tocar nos programas. Raul de Souza também viveu, por um longo período, nos Estados Unidos, porém voltou a morar e trabalhar no Brasil. Raul de Souza teve seu nome foi incluído no "The Encyclopedia of Jazz in The Seventies", dos críticos Leonard Feather e Ira Gitler. Raul de Souza lançou o disco "Colors", que virou tópico de estudo na “Berklee Music College”, em Boston devido às variações rítmicas e melódicas que nele se apresentam. O álbum está disponível em CD como parte da série “Original Jazz Classics da Fantasy Records”. Raul de Souza gravou o LP "Sweet Lucy", voltado para o funk americano e o LP "Don't Ask My Neighbors". No início da década de 1980, Raul de Souza sofreu um acidente de carro e ficou acamado por alguns meses. Com a impossibilidade de tocar trombone, Raul de Souza se aperfeiçoou no saxofone tenor, instrumento com o qual gravou o LP "Viva Volta". Em Los Angeles, Raul de Souza propôs um novo conceito de instrumento ao artesão Dominique Calicio a quem pediu ajuda para a construção do que chamou de souzabone. O souzabone, um trombone (de pisto) com um pisto a mais geralmente usado com pedais de efeito (oitavador, delay, etc). O instrumento, (trombone em dó) possui quatro válvulas cromáticas (em vez das tradicionais três), dois gatilhos de correção de ajuste e a capacidade de mudar a tessitura para mais notas graves. Ele também tem um microfone eletrônico e pedais que permitem vários efeitos como wah-wah, delay, refrão e oitava. Este cobre atípico é caracterizado por um som muito particular e afiado com clipes de papel acústico, bastante fino e nasal. O pianista e produtor norte-americano George Duke descreveu o caráter sonoro do instrumento de latão idiossincrático como uma mistura entre um trombone tenor e uma trompa. Não há informações sobre a vida pessoal do músico Raul de Souza. Raul de Souza se aposentou em função de um câncer de garganta que acabou se complicando e tirando a vida do músico apenas sete meses após sua aposentadoria.