Erasmo Esteves
(Rio de Janeiro/RJ, 05 de junho de 1941)
(Rio de Janeiro/RJ, 31 de outubro de 2022).
Erasmo Carlos OMC, foi um cantor, compositor, ator, músico, multi-instrumentista e escritor brasileiro. Um dos pioneiros do rock brasileiro, nos anos 60, Erasmo Carlos fez parceria com o cantor e compositor Roberto Carlos, compondo várias músicas juntos, que gravavam em seus discos em carreira solo. Erasmo Carlos nasceu no bairro da Tijuca na Zona Norte do Rio de Janeiro, de mãe solteira, vindo a conhecer seu pai, somente aos vinte e três anos de idade. Erasmo conhecia Sebastião Rodrigues Maia – que mais tarde ficaria conhecido como Tim Maia – desde a infância. Entretanto, a amizade só viria na adolescência por conta do gosto pelo rock and roll. Tim Maia montou A banda “The Sputniks”, junto com Arlênio Lívio, Wellington Oliveira e Roberto Carlos. Após uma briga entre Tim e Roberto, o grupo foi desfeito. Wellington desistiu da carreira musical e o único remanescente era Arlênio, que no ano seguinte resolveu chamar Erasmo e outros amigos da Tijuca, Edson Trindade (que tocou violão no grupo “Tijucanos do Ritmo”, em que Tim Maia tocava bateria) e José Roberto, conhecido como "China" para formarem o grupo vocal "The Boys of Rock". Por sugestão de Carlos Imperial o grupo passou a se chamar “The Snakes”. O grupo acompanhava tanto Roberto quanto Tim Maia em seus respectivos shows. Roberto precisava da letra para a canção “Hound Dog”, sucesso na voz de Elvis Presley e Arlênio Lívio apresentou Erasmo a Roberto, afirmando que Erasmo teria a letra, pois era um grande fã de Elvis. Roberto descobriu outras afinidades com Erasmo. Além de Elvis, ambos gostavam de Bob Nélson, James Dean, Marlon Brando, Marilyn Monroe, e torciam para o Vasco da Gama. Quando fazia parte do “The Snakes”, Tim Maia ensinou Erasmo a tocar violão. O “The Snakes” chegou a acompanhar o cantor Cauby Peixoto em sua inusitada passagem pelo rock, na gravação de "Rock and Roll em Copacabana" e no filme "Minha Sogra é da Polícia" em que o cantor interpreta a canção "That's Rock" composta por Imperial Nos tempos da juventude também conheceu, Jorge Ben Jor,na época conhecido como Babulina e Wilson Simonal, que também foi agenciado por Carlos Imperial. Erasmo resolveu adotar o nome Carlos no nome artístico em homenagem ao Roberto Carlos e a Carlos Imperial e com esse nome lançou o compacto que seria de grande sucesso, com a música “O Terror dos Namorados”, com a novidade do Órgão Hammond de Lafayette, que também era seu amigo e da “Turma do Bar Divino” na Tijuca. Com a chegada da bossa nova, Erasmo também se deixou influenciar pelo gênero. Roberto chegou a se tornar crooner cantando bossa nova, bastante influenciado por João Gilberto. Nesse período, Erasmo compôs "Maria e o Samba", cantado por Roberto na boate onde era crooner. Antes de seguir carreira solo, Erasmo fez parte da banda “Renato e Seus Blue Caps”. Erasmo participou efetivamente junto com Roberto Carlos e com Wanderléa do programa “Jovem Guarda”, onde tinha o apelido de “Tremendão”, tentando se diferenciar de Elvis, por mais que este fosse seu ídolo. Seus maiores sucessos como cantor nessa fase foram "Gatinha Manhosa" e "Festa de Arromba". Erasmo compôs com Roberto o sambalanço "Toque o Balanço", gravado por Elza Soares. Erasmo, Eduardo Araújo e Carlos Imperial foram acusados de corrupção de menores, sendo contudo inocentados. Com o término do programa, entrou em crise, mas conseguiu se recuperar com a ajuda de seu parceiro Roberto Carlos e de sua esposa, Narinha. Nessa fase de transição fez sucesso cantando "Sentado à Beira do Caminho" e "Coqueiro Verde", primeiro samba-rock gravado por Erasmo. Roberto e Erasmo eram criticados por cantar e compor rock e de serem americanizados. Erasmo chegou a dividir uma apartamento no bairro do Brooklin em São Paulo com Jorge Ben Jor, apontado como um dos criadores do estilo. O disco “Erasmo Carlos e os Tremendões” já é um trabalho transitório na carreira do artista. O LP traz interpretações muito peculiares de canções de compositores da MPB, como "Saudosismo", de Caetano Veloso e "Aquarela do Brasil", de Ary Barroso, lançada no filme “Roberto Carlos e o Diamante Cor-de-Rosa”, em que Erasmo atua com Roberto e Wanderléa) e "Teletema" (canção originalmente interpretada por Regininha, sucesso por ter sido tema da novela “Véu de Noiva”, da Rede Globo), de Antônio Adolfo e Tibério Gaspar, além da primeira gravação de "Sentado à Beira do Caminho". Erasmo assina com a “Polydor”. A primeira metade da década mostra o “Tremendão” num estilo bem diferente da “Jovem Guarda”. Influenciado pela cultura hippie e pelo soul e lança “Carlos, Erasmo “em 1971. O disco, que abre com "De Noite na Cama", escrita por Caetano Veloso especialmente para ele, traz um polêmica ode à maconha. O existencialismo prossegue em seus outros LPs, “Sonhos e Memórias”, “Projeto Salva Terra” e “Banda dos Contentes”. "Sou uma Criança, Não Entendo Nada", "Cachaça Mecânica" e "Filho Único" são algumas canções de destaque no período. “Pelas Esquinas de Ipanema” inclui uma impactante canção que denuncia o descaso do homem com a ecologia "Panorama Ecológico". Erasmo participou dos filmes “Roberto Carlos e o Diamante Cor-de-Rosa”, “Roberto Carlos a 300 Quilômetros por Hora” (Pedro Navalha) de Roberto Farias e “Os Machões” (Teleco), dirigido por Reginaldo Faria, que também atuou no filme e rendeu a Erasmo o “Troféu APCA” como melhor coadjuvante masculino, “O Cavalinho Azul” (Cowboy), “Paraíso Perdido” (José) e “Modo Avião” (Germano). Erasmo Carlos aparece em show ao vivo no documentário “Ritmo Alucinante”, registro do festival de rock “Hollywood Rock”, realizado no Rio de Janeiro. Erasmo Carlos começa os anos 80 com um projeto ambicioso. “Erasmo Convida” é um pioneiro projeto no Brasil. Foram doze canções interpretadas em dueto com artistas como Nara Leão, Maria Bethânia, Gal Costa, Wanderléa, “A Cor do Som”, “As Frenéticas”, Gilberto Gil, Rita Lee, Tim Maia, Jorge Ben e Caetano Veloso. A faixa de abertura do álbum foi a que teve maior destaque nas rádios: a regravação de "Sentado à Beira do Caminho", com a participação do parceiro Roberto Carlos nos vocais. O LP “Mulher” tem uma grande repercussão com as canções "Mulher (Sexo Frágil)" (escrita com sua mulher, Narinha), "Pega na Mentira" e "Feminino Coração de Deus" (de Sérgio Sampaio). O sucesso na mídia, que continuou com “Amar Pra Viver ou Morrer de Amor”, trouxe uma cobrança para Erasmo: assim como o parceiro Roberto Carlos (no auge do sucesso), ele deveria lançar um trabalho inédito todos os anos. "Lentinha, Para Tocar no Rádio", como disse o cantor ao relembrar seus discos na época. Embora seja a década com mais lançamentos de trabalhos novos, Erasmo tem algumas ressalvas sobre os seus discos a partir da segunda metade da década de 80, “Buraco Negro”, “Erasmo Carlos”, “Abra Seus Olhos” e “Apesar do Tempo Claro...”. O disco seria seu último na Polydor (selo da “Polygram”, mais tarde “Universal Music”). Valendo-se ainda do filão engajado da pós-ditadura, cantou, ainda que numa participação especial