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ELZA SOARES (91 anos)

ID: m1623 Categoria: Cantoras/Músicas Date : Wednesday 19th January 2022 10:00:00 pm Tipo : Image / Photo

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Resenha

Elza Gomes da Conceição                                                                             

 

(Rio de Janeiro/RJ, 23 de junho de 1930)                     

(Rio de Janeiro/RJ, 20 de janeiro de 2022).

 

Elza Soares foi uma cantora, modelo, garota-propaganda, letrista, atriz e compositora brasileira com atuação em rádio, música, teatro, cinema e TV. Elza nasceu em uma família muito humilde, composta por dez irmãos, na favela da “Moça Bonita”, atualmente “Vila Vintém”, no bairro de Padre Miguel e ainda pequena se mudou para um cortiço no bairro da Água Santa, onde foi criada. Na infância, Elza vivia brincando  na rua, empinando pipa, jogando peões de madeira e brigandor com os meninos. Era uma vida pobre, porém feliz para uma criança, mesmo tendo que ajudar a mãe nos serviços domésticos ou levando latas d'água na cabeça. Muito menina ainda, aos doze ou treze anos, Elza foi obrigada pelo pai a abandonar os estudos e casar com Lourdes Antônio Soares, um amigo de seu pai conhecido como Alaordes, que havia tentado abusar de Elza (o pai acreditava que " honra de sua filha só estaria limpa com o casamento). Elza sofreu muito neste matrimônio arranjado, por conta da violência doméstica e sexual a qual era constantemente submetida. Um ano depois, Elza deu à luz seu primeiro filho.  Aos quinze anos de idade, Elza passa por outro grande trauma, seu segundo filho morre de fome. Com o marido doente, acometido por tuberculose, Elza passou a trabalhar como encaixotadora e conferente na fábrica de sabão “Véritas”, no Engenho de Dentro. Elza também trabalhou em um manicômio, o “Instituto Municipal Nise da Silveira” (atual “Museu de Imagens do Inconsciente”), onde além de conseguir um salário, Elza furtava comida pouco antes do local ser fechado e os funcionários voltarem para casa. Um ano depois, com a recuperação do marido, ele a proibiu de trabalhar fora e Elza voltou a ser dona de casa. Aos dezoito anos, Elza oficializou seu matrimônio, passando a assinar Elza da Conceição Soares. Alaordes voltou a ter tuberculose, não resistiu e morreu quando Elza tinha apenas vinte e um anos de idade. Outra fonte, entretanto, diz que aos vinte e um anos Elza se separou de Alaordes quando este lhe deu dois tiros ao descobrir que ela trabalhava escondida como cantora e que ela não o viu mais até ele morrer, quando ela teria vinte e nove anos. Antes da separação, porém, Dilma, a filha Elza e Alaordes foi sequestrada pelo casal que tomava conta da menina enquanto Elza trabalhava. Foram trinta anos de busca, com policiais e detetives. Elza, sempre triste e angustiada, só reencontrou a filha (que não sabia de nada) já adulta. Com o tempo, se aceitaram como mãe e filha. Como o crime havia prescrito, o casal não foi preso e mesmo com revolta e dor, Elza Soares perdoou os sequestradores de sua filha que a tinham criado muito bem. Elza conheceu o ex jogador de futebol Garrincha, quando ele estava no auge da forma e da fama em 1962. Mesmo Garrincha sendo casado, rapidamrente iniciaram um romance. Após um ano juntos, Elza pediu para que ele tomasse uma decisão: ou a assumia ou ela o abandonaria.  Meses depois, Garrincha a procurou afirmando que havia se desquitado da esposa e saído de casa. Recomeçaram a namorar, mas sem revelar nada a imprensa, sabendo da repercussão negativa que teria. Quatro anos depois do namoro, o casal decidiu morar junto e poucos meses depois oficializaram a união, quando Elza passou a assinar Elza Gomes da Conceição dos Santos.  O casamento foi motivo de revolta para os fãs e a imprensa, que acusaram Elza de ser a responsável pelo fim do casamento do futebolista.  Para fugirem do assédio da imprensa, venderam a casa no Rio e se mudaram com os filhos para São Paulo. A perseguição chegou a tal ponto que Elza foi impedida pela multidão de realizar um show na Mangueira e teve de sair disfarçada para escapar do público.  Ainda no Rio, Elza e Garrincha foram passar uns dias no sítio de Adalberto, então goleiro do Botafogo. Uma noite, ao ouvir tiros, Elza correu pela casa e levou um tombo, após o qual descobriu que havia perdido um bebê que ela nem sabia que estava esperando. Na nova casa onde moravam na Ilha do Governador, Elza e Garrincha sofriam ataques anônimos com pedras arremessadas contra a residência. O primeiro ataque invasivo foi realizado em 1964, pelo DOPS que entrou na casa da família à noite, rendeu todos os moradores, revirou o interior do imóvel e executou o mainá de estimação de Garrincha. Elza nunca soube o real motivo da invasão, mas sempre suspeitou que sua amizade com Juscelino Kubitschek e/ou do fato de ter se juntado a vários outros artistas para gravar uma música pró João Goulart poderiam ser uma boa explicação.  Os ataques foram aumentando e a família de Elza passou a receber cartas e ligações telefônicas com xingamentos e ameaças. Na mesma época, Elza gravou o samba "Eu Sou a Outra", cuja letra enfureceu ainda mais a imprensa e a opinião pública. Radialistas quebravam o disco com a canção no ar, uma ação muito comum na época para expressar descontentamento com uma nova música. Um dia, morando em uma nova casa na Lagoa Rodrigo de Freitas, Garrincha decidiu ir visitar suas filhas do casamento anterior. Elza havia tido um sonho na noite anterior e, considerando-o um presságio, pediu que Garrincha não fosse, mas sua mãe Rosária se ofereceu para ir junto e o trio se completou com Sara, a filha do casal. Horas depois, Elza recebeu a notícia de que o Ford Galaxie de Garrincha havia batido na traseira de um caminhão na Via Dutra, capotado três vezes, matando Rosária. Após o acidente, Garrincha entra em depressão.  Elza e Garrincha se mudaram para uma casa no Jardim Botânico, mas as ameaças e os ataques se intensificaram, culminando em uma aparente tentativa de sequestro, da qual conseguiram escapar e um atentado a tiros contra a casa deles. Quando o empresário Franco Fontana convidou Elza para uma temporada na Itália, a família se mudou para Roma.Com a morte da ex esposa de Garrincha, Elza decidiu adotar as seis filhas do jogador, que vão morar com ela, Garrincha e os filhos dela. Em uma viagem ao Rio para gravar um disco, Elza descobre estar grávida de Garrincha. Nasce Manoel Francisco dos Santos Júnior, apelidado de Garrinchinha. Garrincha que era alcoólatra havia prometido a Elza que pararia de beber caso ela lhe desse um menino, mas ele quebrou a promessa logo após o nascimento. Um dia, Elza o flagrou alcoolizado, segurando o filho deles por uma perna e ameaçando jogá-lo da escada e decidiu deixá-lo, mesmo sabendo que era tudo uma brincadeira.  Após dezesseis anos de matrimônio, o casamento de Elza e Garrincha chega ao fim, por conta de constantes agressões físicas, ciúmes doentios, traições e humilhações, onde o alcoolismo de Garrincha se tornou insuportável. Durante todos estes anos, Elza tentou ajudar o marido a parar de beber, mas ele e os amigos dele a chamavam de bruxa, por acharem que ela não queria que ele bebesse na rua por ciúmes. Elza e Garrincha se divorciaram. Elza voltou a usar o nome de solteira, abrindo mão da pensão a qual tinha direito, lutando na justiça apenas pela pensão do filho. Por um tempo lutaram pela guarda do menino que foi favorável a Elza. No dia 20 de janeiro de 1983, Garrincha morreu de cirrose hepática. Mesmo separada, Elza sofreu muito, e teve que consolar o filho pequeno, que não entendia a ausência do pai. Elza Soares manteve outros relacionamentos após o divórcio, mas não quis casar-se tão cedo novamente. Muitos anos depois, Elza Soares conheceu Anderson Lugão e ambos iniciaram um relacionamento romântico e musical, por meio do qual Elza começou a conhecer o hip hop, a música eletrônica e outros movimentos contemporâneos da música brasileira. Após seis anos de romance, Elza rompeu com Lugão e conheceu Bruno Lucide, em Itabira, Minas Gerais. Os dois oficializariam o casamento numa grande festa produzida pela revista “Caras”, mas abortaram o projeto e fizeram apenas uma cerimônia discreta no civil. Dez anos depois, os dois romperam, mas só oficializaram o término depois de seis anos separados. Elza Soares teve oito filhos, todos nascidos de parto normal, cinco com Alaordes, um sem nome, pois nem chegou a ser registrado, Edmundo, João Carlos, Dilma, Gilson e Gérson e dois com Garrincha, Garrinchinha e Sara (filha adotiva). O primeiro e Edmundo morreram recém-nascidos, com poucas semanas de vida, devido a desnutrição. Gérson ela teve de entregar para adoção por falta de condições para criá-lo. No dia 11 de janeiro de 1986, Elza passou por outra grande perda. Seu filho, Garrinchinha morreu aos nove anos de idade, em um acidente de carro. Ele e alguns amigos voltavam de Magé para o Rio, (tinham ido visitar a família de Garrincha, que gostava de manter contato com o menino) mas o carro derrapou na estrada e caiu de uma ponte em um rio. Garrinchinha foi arremessado para fora e levado pelas águas. Seu corpo só seria encontrado na manhã seguinte.  A cantora ficou desesperada, entrou em depressão, tentou o suicídio, passou a tomar antidepressivos, até decidir deixar o tratamento e viajar pelo mundo a trabalho, focando exclusivamente na sua carreira, fazendo muitos shows. Elza acabou morando em diversos países, até ter condições psicológicas de retornar ao Brasil, quatro anos depois. Elza, então, começou terapia para conseguir lidar com mais esta perda. No período pós-morte de Garrinchinha, Elza se afundou nas drogas, frequentando diversas comunidades do Rio para poder se aproximar dos traficantes e de quem mais pudesse lhe dar drogas. Em 26 de julho de 2015, Elza perdeu seu quarto filho, Gilson, de cinqüenta e nove anos de idade, vítima de complicações de uma infecção urinária. O fato a abalou muito: "A única coisa do passado que ainda me machuca é a perda dos meus quatro filhos. O resto tiro de letra. Mas filho é uma ferida aberta que não cicatriza. Estará sempre presente!" A carreira de Elza começou quando se inscreveu num programa de calouros do famoso apresentador da época Ary Barroso. Aqui, cabre uma curiosidade. Nesta época, Elza estava com vinte e um anos havia acabado de ficar viúva e estava com quatro filhos para criar, já havia perdido dois filhos para a desnutrição e uma filha havia sido sequestrada uma ano antes. Elza trabalhava como faxineira para sustentar e ainda precisava comprar remédios para filho de dois anos, que estava com pneumoni e, claro,  temia a morte de mais um. Sozinha e sem expectativa de uma vida melhor, vislumbrando seu sonho artístico cada vez mais longe e inacessível, resolveu lutar por seu filho e não desistir. Elza, confiante em seu talento para cantar, devido aos elogios que recebia de parentes e amigos, se inscreveu no concurso musical do programa radiofônico “Calouros em Desfile”, apresentado pelo compositor Ary Barroso. Para a apresentação, Elza usou um vestido da mãe, aproximadamente vinte quilos mais gorda, ajustado com vários alfinetes de fralda, fazendo um penteado de maria-chiquinha no cabelo. Quando Elza subiu ao palco, foi recebida pelo auditório e por Ary Barroso, com gargalhadas. Ary tentou ridicularizar Elza perguntando: De que Planeta você veio, minha filha?” e recebeu como resposta Do mesmo Planeta que o senhor, Seu Ary. Do Planeta fome”. Elza recebeu as maiores notas. O timbre diferente de sua voz e o jeito de cantar agradou a todos. Elza fez turnê de um ano por vários lugares, ficando mais tempo na Argentina. Elza lançou sua primeira grande música “Se Acaso Você Chegasse”, pela companhia gravadora “Odeon”. Ela introduziu o scat similar ao jazzista Louis Armstrong, somando um pouco de jazz ao samba. Depois Elza se mudou para São Paulo e se apresentou em teatros e em boates. Sua voz rouca se tornou conhecida e apreciada.  Elza lançou seu segundo LP, ”A Bossa Negra”. Elza Soares gravou ”A Bola Branca”, ”Elza Carnaval e Samba”, ”Elza Pede Passagem”, “Maianga/Tratore”,” Do Cóccix até o Pescoço,” Vivo Feliz,” Beba-me” e “Chega de Saudade”. Seus maiores sucessos são “Salve a Mocidade” e  “Meus Momentos”. Elza Soares também é puxadora de samba, tendo estado na “Salgueiro”  e na sua escola do coração a “Mocidade Independente”. Elza chegou a ter um programa na RecordTV, ”Dia D... Elza”, em que ela trabalhava junto a Germano Mathias, mas o projeto foi descontinuado após o terceiro grande . Elza Soares foi premiada como "Melhor Cantora do Milênio" pela BBC em Londres. No mesmo ano, estreou uma série de shows de vanguarda, dirigidos por José Miguel Wisnik, no Rio de Janeiro. Em Londres, apresentou-se no Royal Albert Hall mesmo tendo sofrido uma forte queda alguns dias antes, o que lhe rendeu uma semana no hospital e a atenção de enfermeiras em sua casa para se recuperar. O álbum “Do Cóccix Até o Pescoço” garantiu-lhe uma indicação ao Grammy”. O lançamento impulsionou numerosas e bem-sucedidas turnês pelo mundo. Nos Jogos Pan-Americanos do Rio de Janeiro, Elza interpretou o Hino Nacional Brasileiro”, no início da cerimônia de abertura do evento, no estádio do “Maracanã”.  A partir de 2008, a vida e obra da cantora começou a ser pesquisada pela cineasta e jornalista Elizabete Martins Campos, que roteirizou, dirigiu e produziu o longa-metragem “My Name is Now, Elza Soares”. O filme já rodou dezoito festivais, sendo destaque no “Festival do Rio - Rio Internacional Film Festival”, com quatro indicações: melhor filme, melhor direção, melhor roteiro e melhor fotografia e outras tantas indicações em muitos desses festivais. Elza começou a preparar um disco de nome “Arrepios, que sofreu alguns adiamentos e acabou nunca lançado. Elza gravou a faixa “Brasil”, num disco em tributo a Cazuza. Elza Soares causa comoção em seus fãs ao tirar a roupa para um ensaio sensual com o fotógrafo Yuri Graneiro. Elza Soares foi eleita pela “Rádio BBC” de Londres como a cantora brasileira do milênio. A escolha teve origem no projeto “The Millennium Concerts”, da rádio inglesa, criado para comemorar a chegada do ano 2000. Além disso, Elza aparece na lista das cem maiores vozes da música brasileira elaborada pela revista Rolling Stone Brasil. Após uma queda durante um show promovido pelo “Sindicato dos Jornalistas” no Rio de Janeiro, Elza Soares passou a se locomover com muita dificuldade. Operou a coluna vertebral por conta deste acidente (numa cirurgia que poderia ter afetado suas cordas vocais) e quinze anos mais tarde, Elza fez mais uma cirurgia, desta vez na região lombar. Elza Soares teve diverticulite aguda e foi operada às pressas. Alguns dias depois, já em casa, seus pontos abriram e ela viu as próprias entranhas saindo do corpo. Voltou para a mesa de cirurgia e enfrentou doze horas de operação. Depois, passou por uma colostomia. Após um show em Tallinn, na Estônia, Elza sofreu um acidente de carro e perdeu alguns dentes. Sua produção providenciou um tratamento dentário em Helsinque, na Finlândia.  Elza Soares morreu de causas naturais devido a senilidade. Foi uma morte tranquila, sem traumas, sem motivo, ela simplesmente desligou. Por coincidência, seu falecimento ocorreu exatos trinta e nove anos após a morte de seu ex-marido Garrincha.

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