Sylvio Antônio Narciso de Figueiredo Caldas
(Rio de Janeiro/RJ, 23 de maio de 1908)
(São Paulo/SP, 03 de fevereiro de 1998).
Sílvio Caldas foi um cantor e compositor brasileiro. Conhecido como "Caboclinho Querido", "Titio", ou "O Cantor das Despedidas". Seu pai, Antônio Narciso Caldas, era dono de uma loja de instrumentos, afinador e mecânico de pianos e compositor. Sua mãe, Alcina Figueiredo Caldas, era cantora amadora. Sílvio Caldas teve um irmão, Murilo, que também se destacou na música. Desde os cinco anos de idade, Sílvio participava ativamente do carnaval de sua cidade, desfilando pelo “Bloco da Família Ideal”. Aos seis anos, Sílvio Caldas fez sua primeira apresentação, no “Teatro Fênix”. Também aos seis anos, Sílvio foi para a “Escola Coronel Cabrita”, de onde foi expulso por brigar com colegas e professoras. Foi então para a “Escola Nilo Peçanha”, onde continuou com seu comportamento briguento. Aos nove anos, Sílvio Caldas começou a trabalhar como aprendiz de mecânico na “Garagem Esperança”, na mesma rua de sua casa. Com dezesseis anos, Sílvio Caldas foi trabalhar em São Paulo, onde ficou pouco tempo. De lá, foi para Catanduva, onde trabalhou como leiteiro, lavador de carros, cozinheiro de turma, caminhoneiro e mecânico. E depois voltou ao Rio. Depois de voltar ao Rio, durante uma serenata, Sílvio Caldas foi ouvido por Antônio Gomes, diretor artístico da “Rádio Ipanema”, que o levou à “Rádio Mayrink Veiga”, onde ele cantou de graça por algum tempo, dando início à sua carreira musical. Sílvio foi para a “Rádio Sociedade” por um cachê de vinte mil-réis por noite, integrando um elenco que incluía também Gastão Formenti, Francisco Alves, Patrício Teixeira e Rogério Guimarães. Simultaneamente a este trabalho, Sílvio Caldas continuou atuando como mecânico, lidando especificamente com os caminhões da obra de abertura da atual Via Dutra. Sílvio gravou alguns discos pela gravadora alemã “Brunswick”, que se instalara no Brasil como fábrica de artigos de sinuca. Contudo, nenhum artista do selo (que tinha em seu elenco nomes como Gastão, Carmen Miranda e os “Bando da Lua”) decolou e a marca fechou as portas. Sílvio Caldas foi convidado a integrar o elenco da revista “O Brasil do Amor“ (Ary Barroso e Marques Porto), no “Teatro Recreio”. No espetáculo, Sílvio cantou "Gente Bamba" e "Malandragem", ambos de Ary. No mesmo ano, gravou "Gente Bamba" pela “RCA Victor” sob o título "Faceira" - a canção havia sido oferecida anteriormente a Mário Reis, mas este a recusara. Ele já havia gravado pelo mesmo selo "Tracuá de Ferrô" de Sátiro de Melo, mas só conseguiu sucesso com a composição de Ary. Um mês depois de “O Brasil do Amor”, Sílvio participou de mais uma revista, “É do Balacobaco”, outra criação de Ary e Marques, coescrita por Vitor Pujol. Desta vez, cantou "Malandro", de Freire Júnior e Francisco Alves. Pela companhia de teatro em que trabalhava, Sílvio foi a Buenos Aires, na Argentina, dando início à sua carreira internacional. Sílvio Caldas gravou um total de trinta e cinco discos de duas músicas cada. Sílvio Caldas gravou "Maria", composta por Ary e com letra de Luiz Peixoto. Veio o disco com a música "Eu Vou para o Maranhão" de Ary e "Chorei", de André Filho e outro com "Mimi", de Uriel Lourival e "Na Aldeia", composta por ele próprio em parceria com Carusinho e De Chocolat. Sílvio Caldas lançou a marcha de carnaval "Segura Esta Mulher", também de Ary. Sílvio Caldas começou a se consolidar como compositor, lançando "Eu Vivo Sem Destino" (coescrito com Wilson Batista e Osvaldo Santiago) e "Na Floresta" (coescrito com Cartola). Sílvio Caldas iniciou uma bem-sucedida parceria com o poeta, jornalista e cronista Orestes Barbosa, que rendeu catorze composições, incluindo "Soluços" (gravada por Floriano Belham), "Serenata" (gravada por Sílvio), "Vidro Vazio" (gravada por J. P. de Barros), "Santa dos Meus Amores" (composta e gravada por Sílvio). O ano da consagração foi quando criaram oito músicas, entre elas "Quase Que Eu Disse", "Arranha-Céu" e o maior sucesso, "Chão de Estrelas". As últimas duas composições vieram com "Única Rima" e "Suburbana". Sílvio estreou no cinema atuando em “Favela dos Meus Amores”, de Humberto Mauro. Neste longa-metragem, cantou "Ao Luar...”, "Quando um Sambista Morre", "Favela", "Tolinha”, "Arrependimento", "Quase Que Eu Disse" e "Torturante Ironia". Sílvio Caldas se mudou para São Paulo onde assinou com exclusividade com a “Rádio Excelsior”. Sílvio Caldas foi contratado pela recém-chegada “Columbia”. Sílvio Caldas apresentou o programa "Os Degraus da Glória", da “Rádio Gazeta” assumiu um programa próprio semanal na TV Record. Também na capital estadual, comprou a boate “Mocambo”, que passou a administrar. Sílvio enfrenta a chegada da “Bossa Nova”, da “Jovem Guarda” e do rock and roll, que tomam bastante espaço dos cantores da “Era do Rádio”. Embora avesso à bossa, gravou, ao seu estilo, algumas composições do gênero, como "Serenata do Adeus", "Apelo", "Consolação", "Gente Humilde”, "Se Todos Fossem Iguais a Você”. Na mesma época, Sílvio Caldas passou a promover "shows didáticos" em que intercala músicas com "causos" da história da música popular do Brasil. Sílvio Caldas se aposentou dos estúdios, mas não dos palcos. Seu último show foi em aos oitenta e cinco anos, no “Sesc Pompeia”, com Miltinho, Dóris Monteiro, Noite Ilustrada e “Trovadores Urbanos”. Por ocasião de seu aniversário de oitenta anos, Sílvio Caldas foi homenageado pela “Academia Brasileira de Letras”. Sílvio Caldas era casado com Angelina Caldas com quem teve uma filha, Sílvia. Sílvio Caldas era casado com Miriam Caldas com teve três filhos, Sílvio Caldas Filho (que morreu atropelado com nove anos), Roberto e Camila. Sílvio Caldas tinha um sítio em Atibaia. Ao longo da carreira, anunciou diversas vezes que se aposentaria para criar galinhas no local. Sílvio Caldas morreu vítima de parada cardiorrespiratória em função de anemia profunda.