Dermeval Miranda Maciel
(Campos dos Goytacazes/RJ, 20 de julho de 1940)
(Rio de Janeiro/RJ, 08 de janeiro de 1996).
Roberto Ribeiro foi um cantor e intérprete de samba-enredo brasileiro. Sambista da “Império Serrano”. Filho do jardineiro Antônio Ribeiro de Miranda e Júlia Maciel Miranda, Roberto, apesar de não ter nascido no Rio de Janeiro era um carioca típico, apaixonado por futebol e samba. Aos nove anos de idade, Roberto Ribeiro trabalhava como entregador de leite. Naquele tempo, já frequentava a “Escola de Samba Amigos da Farra”, da cidade de Campos dos Goytacazes e participava das festas tradicionais como a do "Boi Pintadinho". Roberto Ribeiro construiu uma respeitável carreira de intérprete e compositor. De voz bem timbrada e enxuto fraseado, seu repertório era composto por sambas de todos os tipos como afoxés, ijexás, maracatus e outros ritmos africanos. Roberto Ribeiro tem mais de vinte discos gravados, com sucessos populares como as canções "Acreditar", "Estrela de Madureira", "Todo Menino É Um Rei", "Vazio", "Malandros Maneiros", "Fala Brasil" e "Amor de Verdade". Roberto Ribeiro foi jogador de futebol profissional em sua cidade natal. Depois de passagens por equipes amadoras “Cruzeiro” e “Rio Branco”, Roberto se tornou goleiro do “Goytacaz Futebol Clube”. Roberto era conhecido pelo apelido de "Pneu". Roberto se mudou para a cidade do Rio de Janeiro em busca de um lugar num clube grande carioca. Chegou a treinar no "Fluminense", mas acabou desistindo da carreira e começou a trabalhar com música e a se apresentar no programa "A Hora do Trabalhador", da “Rádio Mauá”, do Rio de Janeiro. Seu desempenho chamou a atenção da compositora Liette de Souza (que viria a ser sua esposa), irmã do compositor Jorge Lucas. Ela resolveu apresentá-lo aos sambistas da “Império Serrano” e Roberto passou a frequentar as rodas de samba da tradicional escola de Madureira. A diretoria da “Império” o convidou para ser o intérprete de samba-enredo da escola no carnaval. Ele aceitou, mas se afastou nos dois carnavais seguintes para gravar seus primeiros discos como cantor. Roberto Ribeiro se firmou como intérprete oficial da “Império”, defendendo a agremiação em oito carnavais consecutivos. Dentre os grandes destaques nos desfiles cariocas, estão os sambas-enredo "Brasil, Berço dos Imigrantes", (feito em parceria com o cunhado Jorge Lucas) e "Municipal Maravilhoso, 70 Anos de Glórias". A carreira como cantor ganhou impulso com gravações de três compactos em parceria com a cantora Elza Soares pela “Odeon”. Satisfeita com o sucesso dos compactos, o selo lançou o LP "Elza Soares e Roberto Ribeiro - Sangue, Suor e Raça". Roberto gravou um LP, "Simone Et Roberto Ribeiro - Brasil Export 73 Agô Kelofé", junto com a cantora Simone, lançado pela “Odeon” exclusivamente para o mercado externo e lança o primeiro álbum solo, "Roberto Ribeiro". A mesma gravadora lançou o compacto duplo "Sucessos 4 Sambas", no qual Roberto Ribeiro interpretou "Leonel/Leonor". No mesmo ano foi lançado o disco "Molejo", que despontou com os sucessos "Estrela de Madureira" e "Proposta Amorosa" e chamou a atenção da crítica. "Arrasta Povo", LP que destacou mais dois grandes sucessos nas rádios de todo o Brasil, "Tempo Ê" e "Acreditar". Roberto Ribeiro gravou o LP "Poeira Pura", onde se destacou "Liberdade". Um ano depois, foi lançado o álbum "Roberto Ribeiro", que o colocou outra vez na lista dos discos mais vendidos, puxado pelos sucessos "Todo Menino É Um Rei", "Amei Demais", "Isso Não São Horas" e "Meu Drama” (“Senhora Tentação”), incluída na trilha sonora da novela "Pai Herói", na TV Globo. O LP "Coisas da Vida" teve entre mais tocadas as músicas "Vazio" conhecida na época como "Está Faltando Uma Coisa Em Mim" e "Partilha". Roberto gravou "Fala Meu Povo" em que constavam algumas composições de sua autoria como "Vem" e sucessos como "Só Chora Quem Ama" e "Quem Lucrou Fui Eu". "Massa, Raça e Emoção" foi lançado com o sucesso "Santa Clara Clareou". Roberto Ribeiro participa de “Grandes Nomes - Luiz Gonzaga Jr”: especial da TV Globo no qual canta em parceria com Gonzaguinha as músicas “Fala Brasil” e “Vamos a Luta”. O disco "Roberto Ribeiro" foi lançado e a música "Algemas" foi sucesso. No LP "De Palmares ao Tamborim", Roberto Ribeiro obteve êxito com "Lágrima Morena". Roberto Ribeiro participou do disco "Partido Alto Nota 10", de Aniceto do Império, no qual interpretaram em dueto a faixa "Chega Devagar". O LP "Corrente de Aço” contou com a participação de Chico Buarque de Hollanda na música "Quem Te Viu, Quem Te Vê" e de Nei Lopes em "Malandros Maneiros". Roberto Ribeiro gravou o disco "Sorri Pra Vida", obtendo sucesso com a faixa "Ingrata Paixão" e o LP seguinte, "Roberto Ribeiro", contou com a participação especial de Alcione na faixa "Mel Pra Minha Dor" e do “Grupo Raça” em "Malandro Mais Um". Roberto Ribeiro passou a sofrer de um seriíssimo problema de visão. Roberto Ribeiro perdeu um olho em razão de uma contaminação por fungo agravada pelo diabetes. Um ano antes de sua morte, a “EMI-Odeon” lançou a coletânea "O Talento de Roberto Ribeiro" com vinte e dois sucessos do cantor em seus vários discos. Roberto Ribeiro ganhou por duas vezes o “Prêmio Sharp” de MPB como compositor e intérprete de sambas. Roberto Ribeiro teve as suas músicas gravadas por Agostinho dos Santos, Pery Ribeiro, Claudette Soares e Luís Carlos Vinhas, entre outros intérpretes. Roberto participou do disco-homenagem "Clara Nunes Com Vida", produzido por Paulo César Pinheiro, no qual interpretou em dueto com Clara Nunes (com voz acrescida posteriormente) do samba "Coisa da Antiga". Sua vida foi contada em livro de autoria da esposa, Liette de Souza Maciel, com o título "Dez Anos de Saudade". Roberto Ribeiro morreu em virtude de atropelamento.