Francisco José Itamar de Assumpção 

(Tietê/SP, 13 de setembro de 1949)               

(São Paulo/SP, 12 de junho de 2003).

Itamar Assumpção foi um compositor, cantor, instrumentista, arranjador e produtor musical brasileiro com atuação em música, rádio, teatro e TV. Itamar se destacou na cena independente e alternativa de São Paulo. Bisneto de escravos angolanos, Itamar cresceu ouvindo os batuques do terreiro de candomblé no quintal de sua casa em Arapongas no Paraná, para onde se mudou aos doze anos.  Itamar chegou a cursar até o segundo ano de contabilidade, mas abandonou os estudos para fazer teatro e shows em Londrina. Itamar aprendeu a tocar violão sozinho ouvindo Jimi Hendrix e arranjos de baixo e bateria, se apaixonou pelo baixo. Itamar se mudou para São Paulo para se dedicar à música. Itamar Assumpção foi um dos grandes nomes e contribuidores da cena alternativa que dominou São Paulo - movimento que se convencionou chamar de “Vanguarda Paulista” e que reuniu artistas que decidiram romper o controle das gravadoras sobre a produção e lançamento de novos talentos. Esses artistas produziam e lançavam seus trabalhos independentemente das grandes gravadoras. Criavam suas próprias micro-empresas e gerenciavam a si mesmos. Itamar Assumpção era nome frequente na lista de shows do “Teatro Lira Paulistana”, em Pinheiros, palco que foi denominador comum a todos os membros da “Vanguarda Paulista”. Todos os representantes do movimento invariavelmente por ali passaram. Ao lado de Arrigo Barnabé, “Grupo Rumo”, “Premeditando o Breque” e dos “Pracianos“, entre outros. Itamar Assumpção marcou sua obra basicamente por não ter tido interferência das gravadoras, que consideravam sua obra difícil. Em suas canções misturava samba com rock e funk, entre outros ritmos estrangeiros, enquanto as letras eram impregnadas de sátira e crítica social. Itamar Assumpção foi influenciado pelos trabalhos de músicos de variados gêneros, como Adoniran Barbosa, Cartola, Jimi Hendrix e Miles Davis, além de poetas como Paulo Leminski e a poetisa Alice Ruiz. Pela rebeldia, ousadia e audácia, artistas como ele ganharam a alcunha de "malditos" Mas Itamar detestava tal rótulo e retrucava. Como polemista se saía bem, talentoso que era com as palavras não só no âmbito poético. O duelo verbal lhe apetecia como forma de defender a integridade do artista e - ao observador atento assim parecia - dava-lhe prazer triturar argumentos dos que tentavam dirigir o processo de criação do artista. Em uma de suas tiradas mais famosas disse: "Se tivesse que ouvir conselho, pediria ao Hermeto Pascoal..." "Eu sou artista popular!", bradava indignado. Seus três primeiros LPs, “Beleléu, Leléu, Eu”, “As Próprias Custas S.A” e “Sampa Midnight” foram relançados em CD pela “Baratos Afins”. Seu único LP produzido por uma grande gravadora, a “Continental” é intitulado “Intercontinental! Quem Diria! Era Só o Que Faltava...,”. Todos com a banda “Isca de Polícia”. Entre suas canções mais conhecidas estão “Fico Louco”, “Parece que Bebe”, “Beijo na Boca”, “Sutil”, “Milágrimas”, “Vida de Artista”, “Dor Elegante” e “Estropício”. Itamar Assumpção lançou a série “Bicho de Sete Cabeças”, acompanhado pela banda “Orquídeas do Brasil.” Itamar Assumpção lançou um CD com músicas de Ataulfo Alves, novamente com a banda “Isca de Polícia”. O CD foi premiado como melhor do ano pela “APCA”. Itamar Assumpção lançou o álbum “PretoBrás”, que fora concebido como o primeiro de uma trilogia (os dois álbuns que a completariam foram lançados postumamente, com a participação de diversos artistas, que completaram o material que fora deixado incompleto por Itamar). Entre composições suas que fizeram sucesso, com outros intérpretes, estão “Nego Dito”, “Canto em Qualquer Canto”, “Já Deu Pra Sentir”, “Aprendiz de Feiticeiro”,  “Código de Acesso” e “Vi, Não Vivi”. Além disso, Itamar Assumpção participou intensamente da obra de vários artistas ligados à “Vanguarda Paulistana” como instrumentista, compositor ou produtor. Itamar Assumpção era casado com Elizena Brigo de Assumpção, sua companheira por trinta e cinco anos. O casal teve duas filhas, as cantoras Serena Assumpção (falecida em 2016) e Anelis Assumpção, ambas também compositoras. Um ano depos de sua morte, foi lançado o álbum "Vasconcelos e Assumpção - Isso Vai Dar Repercussão", gravado pouco antes da sua morte em parceria com Naná Vasconcelos. Itamar Assumpção morreu em decorrência de um câncer de intestino, após lutar quatro anos contra a doença.