Mário de Souza Marque Filho
(Pirapetininga/MG, 10 de novembro de 1928)
(Atibaia/SP, 28 de julho de 2003).
Noite Ilustrada, foi um cantor, compositor e violonista brasileiro. Seus pais, Mário e dona Alexandrina Maria, se separaram quando o filho ainda era bem pequeno. Então o garoto na mais tenra idade, começou a trabalhar, para ajudar sua mãe. Era engraxate, na estação de trem e carregava leite para a fabricação de queijo. Mas isso não foi suficiente e dona Alexandrina mandou o filho para o Rio de Janeiro viver com o pai. O pai, que era motorista da fábrica de lâmpadas “GE”, preferiu colocar o garoto em um colégio interno. E assim, Mário Filho foi para o “SAM - Serviço de Assistência aos Menores”. De lá, para o “Instituto Profissional Getulio Vargas”, ainda como interno. Noite Ilustrada saiu com dezessete anos, tendo aprendido a trabalhar com móveis e foi trabalhar em Vila Izabel. Foi aí que conheceu o pessoal da “Escola de Samba da Mangueira”. O garoto, de cor negra, gostou das rodas de samba e percebeu nascer dentro de si a vocação artística. Mesmo tendo passado mais de oito anos de internato, sem ter recebido sequer a visita dos pais, Mário tinha facilidade em fazer amigos. Esperto e bonzinho, também tinha inclinação para o futebol e foi tentar ser jogador em Minas Gerais, na cidade de Além Paraíba. Foi quando o humorista Zé Trindade fazia shows na região, que Mário o conheceu. Como já tocava violão, o “Bom Crioulo”, como ele era chamado, se juntou ao humorista. Logo comprou seu primeiro violão, que pagou "de pingadinho" e foi virando profissional, isto é, tentando, pois embora fazendo parte do regional da “Rádio Novo Mundo”, não recebia salário nenhum. Na excursão que fez com Zé Trindade é que cantou no palco, pela primeira vez, no lugar de um colega que faltou. E, por não se lembrar do nome do principiante, Zé Trindade o anunciou como Noite Ilustrada, nome de uma revista carioca. Assim foi batizado o jovem cantor. Depois, já no Rio, começou a cantar em parques, em shows e optou definitivamente pela carreira de cantor. Virou crooner de conjunto musical, que se apresentava também em boates e na “Rádio Tupi”. Noite Ilustrada logo fez contato com vários cantores da época como Ataulfo Alves, Nerino Silva, Zé Keti, Nélson Cavaquinho. Mas quando foi contratado para a “Rádio Nacional” é que sua carreira cresceu muito e ele gravou seu primeiro disco em 78 rotações. A gravadora foi a “Mocambo”, o nome da música “Castiguei”. Depois disso foi Antônio Borba, da fábrica de discos “Philips”, que o convidou para gravar. E Noite Ilustrada não parou mais. Gravou uma música sua “Lua Triste” e do outro lado colocou uma canção em que ninguém fazia fé “Volta Por Cima” de Paulo Vanzolini. Esta música estourou no país inteiro, passando a ser quase um hino do cantor, que então já era conhecido e respeitado. Noite Ilustrada gravou trinta e seis discos em vinil, vários compactos simples e duplos e teve dez CDs. Noite Ilustrada viajou pelo Brasil inteiro. Noite Ilustrada foi daqueles cantores que gravava “de uma sentada”, todo o disco de uma só vez. Seu último CD foi “Perfil de Um Sambista”. Noite Ilustrada gravou também na “Trama”, gravadora de gente nova que, segundo ele, eram garotos que o tratavam com muito respeito. Na “Trama” estavam o filho de Elis Regina, o de Wilson Simonal e o de Jair Rodrigues. Noite Ilustrada também apareceu em vários filmes, dentre os quais “A Pequena Órfã”, dirigida por Dionísio Azevedo. E assim foi levando sua vida como cantor, sempre muito apreciado. Casado por duas vezes, pai de dois filhos, sua última esposa, Denise, o tratou com cuidado e respeito e ele bem merecia, pois foi muito voltado à família e aos amigos. A admiração que Noite Ilustrada inspirou veio, não só de sua qualidade artística impecável, mas como ser humano de elevado valor. Ele, que teve infância e adolescência sacrificadas foi sempre uma criatura de bem com a vida pautando-a de arte, carinho e amor para com todos e com tudo. Noite Ilustrada foi morar no Recife e depois se mudou para Atibaia, interior de SP, onde viveu até a morte. Noite Ilustrada recebeu o título de cidadão paulistano. Noite Ilustrada deixou dois álbuns tributos inéditos, um em homenagem a Ataulfo Alves e outro a Lupicínio Rodrigues. Noite Ilustrada, após se internar para o tratamento de câncer de pulmão.