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PAULO FRANCIS (66 anos)

ID: h1041 Categoria: Jornalistas Date : Wednesday 18th November 2020 10:00:00 pm Tipo : Image / Photo

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Resenha

Franz Paulo Trannin da Matta Heiborn          

 

(Rio de Janeiro/RJ, 02 de setembro de 1930)           

(Nova Iorque/EUA, 04 de fevereiro de 1997).

 

Paulo Francis foi um jornalista, crítico de teatro, diretor, ator, produtor teatral e escritor brasileiro. Paulo Francis era formado em arte dramática e atuou como empresário teatral no "Teatro de Hoje". Em teatro, Paulo Francis trabalhou como ator nas peças “Romeu e Jeannette”, “A Mulher Sem Alma”, e “Uma Mulher em Três Atos”, como diretor nas peças “Bife, Bebida e Sexo”, “Luta Até o Amanhecer”, “Malentendido”, “Uma Mulher em Três Atos” e como produtor em “Malentendido” e “Uma Mulher em Três Atos”. Paulo Francis fez o roteiro de “E Agora...Cássio Muniz” na TV Tupi, mas foi como jornalista que se destacou. Paulo Francis trabalhou em vários jornais, entre eles, Diário Carioca, Última Hora, Tribuna da Imprensa, O Pasquim, Opinião, Folha de S. Paulo”, O Estado de S. Paulo e O Globo”.  Neto de um alemão luterano que comercializava café, Francis cursou o primário em um internato na Ilha de Paquetá e o secundário (atual colegial) no Colégio Santo Inácio, em Botafogo. Paulo Francis participou do Centro Popular de Cultura da UNE e foi ator amador no grupo de estudantes mantido por Paschoal Carlos Magno e por sugestão do diretor, passou a assinar Paulo Francis. Francis foi também centro de diversas polêmicas e desavenças. Dizia que a ferocidade que seria a marca registrada de seus textos nasceu na infância. Ficou famoso o ataque - que ele mesmo classificaria mais tarde de "mesquinho, deliberadamente cruel" - à atriz Tônia Carrero que, por havê-lo acusado de "sofrer do fígado" e ser "sexy" - na gíria da época, homossexual - foi por ele acusada de haver-se prostituído e de mercadejar fotos de si mesma despida. Foi por isso agredido fisicamente duas vezes - pelo então marido da atriz, Adolfo Celi e pelo colega de Tônia no Teatro Brasileiro de Comédia, Paulo Autran. Francis foi convidado por Samuel Wainer a assumir uma coluna política na Última Hora. Como comentarista, apoiou o esquerdismo trabalhista de Leonel Brizola, a ponto de anunciar publicamente que teria se incorporado a um dos "grupos de onze" de luta armada antigolpista, que Brizola organizava à época. Francis levou a tal ponto este radicalismo que chegou a ser demitido por Wainer que, no entanto, recontratou-o, paradoxalmente, após protestos de um grupo de membros da burguesia carioca que tinham em Francis uma espécie de guru. Francis tomou posição contra a intervenção americana no Vietnã e contra a ocupação israelense de territórios disputados na Palestina que afrontaram o consenso pró-americano e israelense da grande imprensa brasileira da época. A presença norte-americana no Vietnã era, por si só, um massacre, diria Francis, que dedicou várias páginas de revistas sobre o tema. A sexualidade de Francis foi, mais uma vez, alvo de ataques e de insinuações. Francis criticou a entrevista que Caetano Veloso fizera com Mick Jagger, alegando que o roqueiro inglês zombou do entrevistador. Caetano respondeu, dizendo que Francis era uma “bicha amarga” e uma “boneca travada”. Francis afirmou que o Brasil é impermeável à grandeza. Por isso rejeitou-se Mauricio de Nassau, Domingos Fernandes Calabar e Duguay-Trouin. No Brasil simplesmente não se tem conhecimento do empirismo. Os brasileiros pensam de acordo com a Escolástica. Ou seja, se pensa com valores prefixados e imutáveis. Francis assegurou de que se fossem liberadas as forças produtivas, como diziam os marxistas, a miséria desapareceria ou ficaria em níveis toleráveis numa geração. Paulo Francis se lançou como romancista, tentando fazer uma crítica geral da sociedade brasileira através dos seus romances “Cabeça de Papel” e “Cabeça de Negro.  Os dois romances são uma tentativa de retratar os meios jornalísticos e da boemia carioca através do uso de um alter ego, que atua como narrador em primeira pessoa. Os romances de Francis, apesar de conterem os recursos estilísticos habituais (frases telegráficas, coloquialismo, uso de estrangeirismos) que haviam feito a celebridade de Francis como jornalista, não foram apreciados pela crítica literária - a esta altura já concentrada nas universidades - que censuraram o caráter indeciso de sua ficção entre a literatura de elite e a popular, a ligeireza da discussão de ideias e o recurso frequente ao puramente escandaloso, o grosseiro e o sexual. Estes romances, apesar de interpretados como fracassos pelo autor, tiveram relativo sucesso de público, tendo sido reimpressos várias vezes. Seja como for, Francis admitiu logo depois, em seu livro de memórias, "O Afeto Que Se Encerra" que contava que o sucesso como escritor lhe garantisse recursos materias suficientes para abandonar o jornalismo diário, mas se vergou ao fracasso comercial dos livros, incluindo as duas   novelas reunidas no volume “Filhas do Segundo Sexo” em que havia feito uma tentativa de tematizar a emancipação da mulher de classe média no Brasil da época. Na televisão, Francis inventou um personagem, misto do panfletarismo erudito-ligeiro dos com o deboche e marketing da mídia. Paulo Francis se celebrizou pelas suas aparições histriônicas no ar, onde exagerava na voz arrastada e grave, sua marca registrada, que lhe rendeu inumeráveis imitações. Paulo Francis se tornou comentarista televisivo das Organizações Globo - uma virada emblemática para quem havia acusado Roberto Marinho de ter provocado o seu banimento do país durante uma de suas prisões, em um artigo de “O Pasquim” intitulado "Um homem chamado porcaria", no qual dizia ser caso de polícia que (seu poder) continue e em expansão”. Paulo Francis estreou como comentarista de política internacional e foi o comentarista do Jornal da Globo”, falando sobre política e atualidades. De Nova Iorque, Francis entrava no Jornal Nacional”, emitindo opiniões sobre política internacional e cultura. E Paulo Francis dividiu, mais tarde, com Joelmir Beting e Arnaldo Jabor uma coluna de opinião. Ao lado de Lucas Mendes, Caio Blinder e Nélson Motta, Francis fez parte do programa Manhattan Connection”, então transmitido pelo canal pago GNT. Paulo Francis trabalhou na Globo News entrevistando personalidades internacionais como o economista John Kenneth Galbraith. Durante o programa Manhattan Connection, Francis propôs a privatização da Petrobrás, então presidida por Joel Rennó e acusou os diretores da estatal de possuírem cinqüenta milhões de dólares em contas na Suíça (acusação pela qual foi processado na justiça norte-americana, sob alegação da “Petrobrás” de que o programa seria transmitido nos Estados Unidos para assinantes brasileiros de TV por assinatura). Amigos fizeram o possível para livrar o jornalista da guerra judicial. Chegaram a apelar ao então presidente Fernando Henrique Cardoso, que tentou, em vão, convencer os diretores da “Petrobrás” a desistir da ação. Na época, o comentarista da Globo estaria abalado emocionalmente por ser réu do processo judicial cuja indenização exigida era de cento e dez milhões de dólares. Paulo Francis era casado com a jornalista e escritora Sônia Nolasco, com quem viveu por mais de vinte anos. Segundo seu amigo pessoal, o escritor Elio Gaspari, o processo ocupou um espaço surpreendente na alma de Francis. Tomou o lugar não apenas do sono, mas também dos seus prazeres da música e da leitura. Diogo Mainardi, pupilo de Francis, foi mais enfático: sugeriu que a pressão psicológica do processo pode ter contribuído para o futuro infarto fulminante de Paulo Francis. Lucas Mendes, que dividia bancada com ele na TV foi um dos primeiros a chegar a seu apartamento e encontrá-lo morto. Francis acabou por morrer de um ataque cardíaco, diagnosticado, em seus primeiros sintomas como uma simples bursite. Segundo seu companheiro Lucas Mendes, os diretores da “Petrobrás” ainda foram atrás do espólio e da viúva Sônia Nolasco, mas, em parte, por intervenção do então presidente Fernando Henrique Cardoso e do advogado de Francis, desistiram do processo.

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