Luís Gonzaga do Nascimento Júnior
(Rio de Janeiro/RJ, 22 de setembro de 1945)
(Renascença/PR, 29 de abril de 1991).
Gonzaguinha foi um cantor e compositor brasileiro. Gonzaguinha era filho registrado, mas não natural, do cantor e compositor pernambucano Luiz Gonzaga e de Odaleia Guedes dos Santos (que faleceu aos quarenta e seis anos, de tuberculose), cantora do “Dancing Brasil”. Gonzaguinha compôs a primeira canção "Lembranças da Primavera" aos catorze anos e com dezesseis anos foi morar no bairro de Cocotá, na Ilha do Governador, com o pai para estudar. Mais tarde, Gonzaguinha estudou Economia na “Universidade Cândido Mendes”. Na casa do psiquiatra Aluízio Porto Carrero conheceu e se tornou amigo de Ivan Lins. Gonzaguinha conheceu também a primeira mulher, Ângela, com quem teve dois filhos, Daniel e Fernanda. Gonzaguinha teve outra filha, com a atriz Sandra Pêra, a atriz e cantora Amora Pêra. Foi dessa convivência na casa do psiquiatra, que Gonzaguinha fundou o “Movimento Artístico Universitário - (MAU)”, com Aldir Blanc, Ivan Lins, Márcio Proença, Paulo Emílio e César Costa Filho. Tal movimento teve importante papel na música popular do Brasil e resultou no programa na TV Globo “Som Livre Exportação”. Caracterizado por uma postura de crítica à ditadura, Gonzaguinha foi visado pelo “DOPS”. Assim, das setenta e duas canções mostradas a esse órgão, cinquenta e quatro foram censuradas, entre as quais o primeiro sucesso, “Comportamento Geral”. Neste início de carreira, a apresentação agressiva e pouco agradável aos olhos dos meios de comunicação lhe valeu o apelido de "cantor rancor", com canções ásperas, como “Piada Infeliz” e “Erva”. Com o começo da abertura política, Gonzaguinha começou a modificar o discurso e a compor canções de tom mais aprazível para o público da época, como “Começaria Tudo Outra Vez”, “Explode Coração”, “Lindo Lago do Amor” e “O Que É o Que É?” e também temas de reggae, como “Nem o Pobre, Nem o Rei”. As composições foram gravadas por muitos dos grandes intérpretes da MPB, como Gal Costa, Maria Bethânia, Zizi Possi, Simone, Elis Regina ("Redescobrir" ou "Ciranda de Pedra"), Fagner, e Joanna. Dentre estas, se destaca Simone com os grandes sucessos “Sangrando”, “Mulher e Daí” e “Começaria Tudo Outra Vez”, “Da Maior Liberdade”, “É” e “Petúnia Resedá”. Gonzaguinha fez muitas outras músicas de sucesso, ”Comportamento Geral”, “Chão, Pó, Poeira”, ”Espere Por Mim Morena”, “A Vida do Viajante” (ao lado de Luiz Gonzaga), “Ponto de Interrogação”, ”Ser, Fazer, Acontecer”, “Feliz”, ”Mamão Com Mel”, ”De Volta Ao Começo”, ”Avassaladora”, “Grito de Alerta”. Após sua morte, sua música ”E Vamos à Luta”, foi tema da novela “Duas Caras” da Rede Globo e várias gravações foram feitas em sua homenagem. Gonzaguinha dispensou os empresários e se tornou um artista independente, o que fez fundar o selo “Moleque”, pelo qual chegou a gravar dois trabalhos. Nos últimos doze anos de vida, Gonzaguinha viveu em Belo Horizonte com a segunda mulher Louise Margarete Martins (Lelete) e a filha deles, a caçula Mariana. Gonzaguinha foi tema do carnaval da “Estácio de Sá”, no Rio de Janeiro, com o enredo "É! O Moleque Desceu o São Carlos, Pegou Um Sonho e Partiu Com a Estácio!". A “Estácio” era a escola de coração do cantor, nascido no Morro de São Carlos, bairro Estácio no Rio de Janeiro. A escola de samba “Império Serrano” escolheu como enredo para seu desfile no "Grupo Especial", o sucesso de “Gonzaguinha O Que É, o Que É?”, usando a canção também como o samba-enredo, num recurso inédito no carnaval carioca. Gonzaguinha morreu num acidente automobilístico ao regressar de uma apresentação em Pato Branco, no Paraná. Gonzaguinha dirigia seu Monza que colidiu com uma caminhonete daquela cidade. Gonzaguinha estava se dirigindo para Foz do Iguaçu, de onde seguiria de avião para Florianópolis, onde tinha um show agendado.