Joelmir José Beting
(Tambaú/SP, 21 de dezembro de 1936)
(São Paulo/SP, 29 de novembro de 2012).
Joelmir Beting foi um jornalista e sociólogo brasileiro. Profissional de grande contribuição para o jornalismo bem como para a economia e a comunicação, Joelmir foi um pioneiro na tradução dos difíceis termos técnicos econômicos para a vida cotidiana. Nascido na cidade paulista de Tambaú, Joelmir começou a trabalhar nas plantações da propriedade de sua família aos sete anos. "A minha origem é, de certa forma, de boia-fria", lembraria o jornalista em entrevista à revista “Imprensa” meses antes de sua morte. Após ter sido um coroinha na igreja da cidade, o padre Donizetti Tavares de Lima lhe arrumou o primeiro emprego na rádio de Tambaú aos quinze anos. Aos dezenove anos, Joelmir se mudou para São Paulo e se formou em Sociologia pela “Universidade de São Paulo - (USP)” na mesma turma de nomes como Ruth Cardoso e Francisco Weffort. Durante o período universitário, Joelmir iniciava a carreira jornalística como repórter esportivo nos jornais “O Esporte” e “Diário Popular”. Joelmir deixou a área esportiva dois anos depois, quando sua paixão pela “S.E. Palmeiras” falou mais alto na transmissão de um “Derby Paulista” pela “Rádio Panamericana” e quase foi agredido pela torcida corintiana. É atribuída a Joelmir a ideia de premiar Pelé com uma placa comemorativa em homenagem a um de seus mais belos gols, feito no Maracanã contra o “Fluminense”. Desse fato surgiu a expressão "Gol de Placa", sempre dita pelos profissionais de futebol do país ao descreverem um gol de rara beleza e muito difícil de ser feito. Joelmir Beting foi contratado pela “Folha de S. Paulo” para lançar a editoria de Automóveis, fruto da repercussão de sua tese do curso de Sociologia (Adaptação da Mão de Obra Nordestina na Indústria Automobilística de São Paulo), que fora publicada pelo “Diário Popular” na íntegra. Dois anos depois lançou a editoria de Economia do mesmo jornal, lançando uma coluna diária. A coluna se tornou célebre por desmistificar a economia durante uma época de inflação astronômica e reiteradas medidas desastradas do governo. Foi quando surgiram alguns dos "bordões" de Joelmir, como "Quem Não Deve Não Tem!" e "Na Prática, a Teoria é Outra!". Paralelamente à coluna na “Folha” (que transferiu depois para “O Estado de S. Paulo”), Joelmir passou a participar também de programas de rádio, na “Jovem Pan” e de televisão, na Rede Record e depois na Rede Globo, onde se tornaria conhecido do grande público com suas participações nos telejornais, permanecendo na emissora durante dezoito anos. O início na TV foi no programa “Multiplicação do Dinheiro” na TV Gazeta, que funcionava como uma mesa-redonda sobre assuntos econômicos, com participação dos economistas Eduardo Suplicy e Miguel Colasuonno. Joelmir Beting foi contratado pela Rede Bandeirantes, onde ficaria até a sua estreia na Rede Globo. Na Band, ancorou o “Jornal Bandeirantes”, ao lado de Ferreira Martins, além de fazer comentários de economia e reportagens especiais. O mesmo aconteceu na “Rádio Bandeirantes”, onde fazia um comentário diário no programa “O Trabuco” de Vicente Leporace. Com a morte deste, Joelmir Beting se juntou a José Paulo de Andrade e Salomão Ésper para apresentar o “Jornal Gente”, criado no dia seguinte ao acontecido. O trio voltaria a se reunir quando Joelmir foi novamente contratado pela Bandeirantes. Joelmir Beting foi comentarista nas rádios “Excelsior” e “CBN”. No início do canal por assinatura GloboNews foi um dos apresentadores do programa “Espaço Aberto”. Alguns de seus mais célebres trabalhos na TV foram o primeiro debate entre candidatos a eleições presidenciais, pela na Band, e a entrevista com os membros da equipe econômica de Fernando Collor, quando Zélia Cardoso de Mello e Ibrahim Eris, entre outros, foram surpreendidos por Joelmir, Lilian Witte Fibe e Paulo Henrique Amorim, então especialistas em economia da Globo. Quando Amorim detalhou uma das principais medidas do “Plano Collor” o confisco, Joelmir teve uma curiosa reação, como descrita pela revista “Imprensa”: "Encarando a câmera, [ele] arregalou os olhos e escancarou a boca, como se informasse, bem didaticamente, a reação apropriada para a medida: espanto”. A imagem seria usada pela edição do “Jornal do Brasil” do dia seguinte, sob a manchete "A Cara da Nação”. Joelmir Beting foi centro de uma polêmica ao aceitar convite do “Bradesco” para participar de uma campanha publicitária. Os jornais onde ele mantinha coluna, “O Estado de S. Paulo” e “O Globo” consideraram a prática incompatível com o exercício da profissão de jornalista e suspenderam a publicação de sua coluna diária. Joelmir publicou um artigo intitulado "Posso Falar?" em que deu explicações acerca do episódio. Joelmir alegou que o produto que vendia aos jornais era "um produto isolado, tido como de boa qualidade e isento". No mesmo texto, afirmou também que "o jornalismo não deveria se envergonhar da publicidade". Em entrevista à “Imprensa” disse que já havia comunicado à época que iria deixar de escrever as colunas nos jornais, por estar "sobrecarregado". Teria sido apenas depois dessa notícia se espalhar pelo mercado que surgiu o convite do “Bradesco”. "Os jornais já sabiam que a coluna ia parar, assim como já sabiam que eu não fazia mais televisão", explicou. A coluna seguiria sendo distribuída pela “Agência Estado” para cerca de trinta jornais até quando foi suspensa, após trinta e quatro anos. A partir desse episódio, Joelmir se dedicou prioritariamente ao rádio e à TV, além de manter sua agenda como palestrante e debatedor de assuntos macroeconômicos. Ao falecer, Joelmir exercia a função de editor e comentarista econômico do “Jornal da Band”, apresentado por Ricardo Boechat, e coapresentador do “Canal Livre” na Band, além de participações no “Jornal Gente” e “Jornal em Três Tempos” da “Rádio Bandeirantes” e no programa esportivo “Betting&Betting”, com o filho Mauro Beting e o seu sobrinho Erich, no BandSports. Joelmir fazia também comentários para o “Primeiro Jornal” e o “Jornal da Noite” da Band e para o canal de notícias por assinatura BandNews. O falecimento de Joelmir foi anunciado ao vivo aos ouvintes da “Rádio Bandeirantes” pelo seu filho Mauro durante a cobertura pós-jogo da partida entre “São Paulo e Universidad Católica” pela “Copa Sul-Americana”. Joelmir Beting era casado com Lucila com quem teve dois filhos, o publicitário e especialista em aviação Gianfranco (um dos cofundadores da “Azul Linhas Aéreas Brasileiras”) e o jornalista Mauro Beting. Joelmir Beting morreu em decorrência de um AVC hemorrágico, após ter passado mais de um mês internado para tratar de doença autoimune.