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BEZERRA DA SILVA (77 anos)

ID: h967 Categoria: Cantores/Músicos Date : Saturday 17th October 2020 9:00:00 pm Tipo : Image / Photo

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Resenha

José Bezerra da Silva                                  

 

(Recife/PE, 23 de fevereiro de 1927)            

(Rio de Janeiro/RJ, 17 de janeiro de 2005).

 

Bezerra da Silva foi um cantor, compositor, violonista, percussionista e intérprete brasileiro dos gêneros musicais coco e samba, em especial de partido-alto. No princípio, Bezerra da Silva   se dedicava principalmente ao coco até se transformar em um dos principais expoentes do samba. Através do samba, Bezerra da Silva cantou os problemas sociais das favelas e da população marginalizada, atuando entre a marginalidade e a indústria musical. Bezerra da Silva estudou violão clássico por oito anos e passou outros oito anos tocando na orquestra da Rede Globo, sendo um dos poucos partideiros que lia partituras. Bezerra gravou um total de vinte e oito discos, que somados, venderam mais de três milhões de cópias. Bezerra ganhou onze discos de ouro, três de platina e um de platina duplo. Apesar de ter sido um dos artistas mais populares do Brasil, Bezerra foi bastante ignorado pelo corrente dominante. Filho de família pobre, a mãe, Hercília Pereira da Silva foi abandonada pelo marido, Alexandrino Bezerra da Silva, quando estava grávida do filho. Aos quinze anos de idade, depois de ser expulso da “Marinha Mercante, Bezerra da Silva viajou para o Rio de Janeiro para procurar o pai e fugir da pobreza. Bezerra fez a viagem em um navio que carregava açúcar e estava apenas com a roupa do corpo. Encontrou o pai, mas com mais atritos, acabou ficando sozinho. Bezerra da Silva passou a trabalhar na construção civil como pintor de paredes e tinha como endereço a obra na zona central da cidade, onde exercia sua profissão. Como pouco mais de vinte anos de idade, Bezerra da Silva começou a se enamorar de uma "dona" e foi morar com ela no Morro do Cantagalo, na Zona Sul.  Bezerra da Silva começou a desenvolver a verve musical, a partir do coco de Jackson do Pandeiro e logo ingressou na bateria do bloco carnavalesco “Unidos do Cantagalo”, tocando tamborim. Bezerra da Silva conheceu Doca, também morador do Morro do Cantagalo, que o convidou para participar do "Programa da Rádio Clube do Brasil" como ritmista - além do tamborim, tocava surdo e instrumentos de percussão em geral. Boêmio e malandro, Bezerra da Silva foi detido dezenas de vezes pela polícia e acabou desempregado. Durante muitos anos viveu como  mendigo, morando nas ruas em Copacabana, quando chegou a tentar o suicídio, mas foi salvo e acolhido em um terreiro de umbanda. Lá, Bezerra da Silva descobriu sua mediunidade e soube, através de uma mãe-de-santo, que o seu destino seria a música. Convencido de que não deveria mais procurar trabalho no ramo da construção civil, Bezerra reinventou sua vida como músico profissional e compositor. Sob o nome artístico de José Bezerra, teve as composições "Acorrentado" e "Leva Teu Gereré", em parceria com Jackson do Pandeiro, lançadas no primeiro álbum da carreira do paraibano. Bezerra da Silva ingressou na orquestra da gravadora Copacabana Discos”, que acompanhava vários artistas de renome e teve novas composições, assinadas com outros músicos, gravadas por Jackson do Pandeiro, como "Meu Veneno", "Urubu Molhado", "Babá", "Criando Cobra" e "Preguiçoso". A cantora Marlene gravou "Nunca Mais", uma parceria de Bezerra com Norival Reis. O primeiro samba que Bezerra da Silva compôs foi  "Verdadeiro Amor", gravado por Jackson do Pandeiro. Em seguida, o sambista mudou o nome artístico para Bezerra da Silva e gravou um compacto simples pela “Copacabana Discos” com as músicas "Mana, Cadê Meu Boi?" e "Viola Testemunha". O primeiro LP,  "Bezerra da Silva - O Rei do Coco Volume 1" foi lançado pela gravadora Tapecar e teve como destaque a canção "O Rei do Coco". No ano seguinte, pela mesma gravadora, lançou "Bezerra da Silva - O Rei do Coco Volume 2", cujo maior destaque foi "Cara de Boi". A partir da série “Partido Alto Nota 10”, Bezerra da Silva começou a encontrar o público. O repertório dos discos passou a ser abastecido por autores anônimos (alguns usando codinomes para preservar a clandestinidade) e por Bezerra. Antes do hip hop brasileiro, ele passou a mostrar a sua realidade em músicas como, "Malandragem Dá Um Tempo", "Sequestraram Minha Sogra", "Defunto Caguete", "Bicho Feroz", "Overdose de Cocada", "Malandro Não Vacila", "Meu Pirão Primeiro", "Lugar Macabro", "Piranha", "Pai Véio 171", "Candidato Caô Caô”. Bezerra da Silva gravou "Moreira da Silva, Bezerra da Silva e Dicró: Os Três Malandros In Concert", pela gravadora “CID, uma paródia ao show dos três tenores, Luciano Pavarotti, Plácido Domingo e José Carreras. Bezerra da Silva se tornou evangélico neopentecostal da Igreja Universal do Reino de Deus.  Perto da morte, mas ainda demonstrando plena atividade, participou de composições com Planet Hemp, O Rappa e outros nomes de prestígio da música popular brasileira. Bezerra da Silva foi casado com Regina de Oliveira, que também foi sua empresária e uma de suas compositoras, sob o pseudônimo de Regina do Bezerra. Antes de se tornar neopentecostal ao final da vida, Bezerra foi ligado à umbanda e assíduo frequentador do terreiro do “Pai Nilo” em Belford Roxo. Um de seus filhos, Ytallo Bezerra da Silva, também seguiu a carreira de músico. O sambista pernambucano foi tema do livro "Bezerra da Silva - Produto do Morro" de Letícia Vianna. O rapper Marcelo D2 lhe prestou homenagem quando lançou pela gravadora “EMI”, o álbum "Marcelo D2 Canta Bezerra da Silva", no qual perfilou parte da obra interpretada pelo sambista. Os principais temas das canções de Bezerra da Silva eram a vida do povo e os problemas da sociedade e das favelas, como a exploração e a opressão sofridas pelos trabalhadores, a malandragem e ladrões à margem da lei, a questão do uso de drogas como a maconha e a condenação à caguetagem (delação de companheiros). O documentário "Onde a Coruja Dorme" de Márcia Derraik e Simplício Neto, que destaca os compositores de suas músicas, trabalhadores anônimos, que abordavam em suas letras temas da realidade brasileira como o malandro, o otário, o alcaguete, a maconha. O filme teve origem no curta-metragem homônimo, lançado bem antes. Outro legado é o incontestável e único estilo do típico malandro carioca com seu boné brad brim estampado que até hoje inspira muitos admiradores de rodas de samba. Bezerra da Silva foi internado com pneumonia e enfisema pulmonar e chegou a ficar por quase uma semana em coma. Um mês depois, o sambista passou mal novamente sendo internado com problemas pulmonares. Bezerra da Silva morreu depois de sofrer uma parada cardíaca. No ano em que morreu teve lançado postumamente seu disco evangélico Caminho de Luz”.

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