Ivan Campos de Albuquerque
(Cuiabá/MT, 21 de fevereiro de 1932)
(Rio de Janeiro/RJ, 28 de outubro de 2001).
Ivan de Albuquerque foi um ator e diretor brasileiro. Ivan se iniciou no teatro em “O Tablado” e se formou como diretor na “Fundação Brasileira de Teatro - FBT” ao lado de Rubens Corrêa com quem trabalhou por mais de trinta anos. Através da parceria com Rubens Corrêa, Ivan funda o “Teatro do Rio” localizado no antigo “Teatro São Jorge”, atual “Teatro Cacilda Becker”, mais tarde a atriz Leyla Ribeiro, esposa de Ivan, se junta à dupla na direção e administração do teatro. Foi no palco do “Teatro do Rio” que Ivan estreou como diretor com a peça “Oscar” de Claude Magnier. Durante o período de existência do teatro, Ivan e Rubens realizaram também as peças “O Prodígio do Mundo Ocidental” de John Millington Synge, também dirigido por Ivan, “A Falecida” de Nélson Rodrigues dirigido por Rubens, “Espectros” de Henrik Ibsen e “O Círculo Vicioso” de Somerset Maugham, ambas com direção de Ziembinski, professor da dupla na “Fundação Brasileira de Teatro - FBT”, “Pigmaleoa”, de Millôr Fernandes, esta com direção de Adolfo Celi, “A Escada” de Jorge Andrade e direção de Ivan de Albuquerque e “Diário de um Louco” de Nikolai Gogol também com direção de Ivan. Ivan de Albuquerque foi condecorado com todos os prêmios de melhor diretor, através da direção da peça “A Invasão” de Dias Gomes, espetáculo que era marcado por uma elaborada circulação do numeroso elenco pelo cenário. Mais tarde, Ivan e Rubens iniciaram a construção do “Teatro Ipanema”. O palco do teatro é erguido no quintal da antiga residência de Rubens, onde antes existia um barracão construído para ensaio e depósito de cenários. Ivan foi trabalhar como ator no “Teatro Oficina” em São Paulo sob a direção de José Celso Martinez Corrêa, em “Andorra” de Max Frisch. Depois de inaugurada a sede própria do “Teatro Ipanema” o diretor passa a utilizar novas perspectivas na linguagem teatral. Foi no palco do “Ipanema” que Ivan dirigiu “O Jardim das Cerejeiras” de Anton Tchekhov que lhe conferiu o “Prêmio Molière” de melhor diretor. Com a direção de “O Arquiteto e o Imperador da Assíria” de Fernando Arrabal, peça interpretada pelos atores Rubens Corrêa e José Wilker recebe os prêmios “Molière” e “Governador do Estado de São Paulo”. Trabalhou como ator sob a direção de Rubens Corrêa em “Hoje é Dia de Rock” de José Vicente. Este espetáculo foi considerado o maior sucesso do “Grupo Ipanema” e um fenômeno na história do teatro. Diante do autoritarismo político que atingiu toda a produção artística brasileira na época, Ivan passou quatro anos em recolhimento para meditação e estudos, reaparecendo no “Teatro Ipanema”, dirigindo outra peça de José Vicente, “A Chave das Minas” em que introduziu a companhia no teatro ritualístico. Ivan recebeu o “Troféu Mambembe” de melhor direção por “O Beijo da Mulher Aranha” de Manuel Puig. Ivan inovou na montagem de “Artaud!” peça que foi realizada no minúsculo espaço do porão do teatro e que era apresentada para uma plateia de apenas cinquenta lugares. Anos depois, com a mudança do cenário social e artístico brasileiro, o diretor e a equipe do “Teatro Ipanema” tiveram dificuldade de adaptar seu trabalho às exigências do mercado e às expectativas do público. Período em que se tornaram raras as aparições em cena do diretor. Muitos atores brasileiros iniciaram sua carreira sendo dirigidos por Ivan, entre eles José Wilker e José de Abreu, este último declarou que seu auge no teatro foi sua interpretação na peça “O Beijo da Mulher Aranha”. Ivan de Albuquerque atuou também como ator no cinema e na televisão. Em televisão, quase sempre na TV Globo, teve participação nas novelas “Saramandaia”, “O Amor é Nosso”, “Helena”, ”Vale Tudo”, “Fera Ferida”, “Explode Coração” e "Zazá", nas minisséries "O Tempo e o Vento", “Abolição”, “República”, “Desejo” e “O Portador”, além da série “Amizade Colorida”. Ivan de Albuquerque fez ainda as novelas “Os Fantoches” na TV Excelsior e “Amazônia” na TV Manchete. No cinema esteve em “Todas as Mulheres do Mundo”, “Na Boca da Noite”, “O Trapalhão e a Luz Azul” e em “Orfeu”. Ivan de Albuquerque sofria de mal de Parkinson e morreu vítima de um câncer no intestino.