Amácio Mazzaropi  

(São Paulo/SP, 09 de abril de 1912)                   

(São Paulo/SP, 13 de junho de 1981).

Amácio Mazzaropi foi um ator e cineasta brasileiro. Filho de Bernardo Mazzaropi, imigrante italiano, chofer de praça e Clara Ferreira, empregada doméstica portuguesa. Com apenas dois anos de idade sua família se muda para Taubaté no interior de São Paulo. O pequeno Amácio passa longas temporadas no município vizinho de Tremembé, na casa do avô materno, o português João José Ferreira, exímio tocador de viola e dançarino de cana verde. Seu avô também era animador das festas do bairro onde morava, festas para as quais levava seus netos que, já desde cedo, entram em contato com a vida cultural do caipira, que tanto inspirou Mazzaropi. Sua família volta à capital e Mazzaropi ingressa no curso primário do “Colégio Amadeu Amaral”, no bairro do Belém. Bom aluno, era reconhecido por sua facilidade em decorar poesias e declamá-las, se tornando o centro das atenções nas festas escolares. O avô paterno morre e a família se muda novamente para Taubaté, onde abrem um pequeno bar. Mazzaropi continua a interpretar tipos nas atividades escolares e começa a frequentar o mundo circense. Preocupados com o envolvimento do filho com o circo, os pais mandam Amácio aos cuidados do tio Domênico Mazzaropi em Curitiba, onde trabalhava na loja de tecidos da família. Já com quatorze anos regressa à capital paulista ainda com o sonho de participar em espetáculos de circo e, finalmente, entra na caravana do “Circo La Paz”. Nos intervalos do número do faquir, Mazzaropi contava anedotas e causos, ganhando uma pequena gratificação. Sem poder se manter sozinho Mazzaropi voltou a Taubaté com os pais, onde começou a trabalhar como tecelão, mas não conseguiu ficar longe dos palcos e atuou numa escola do bairro. Com a "Revolução Constitucionalista" se segue uma grande agitação cultural e Mazzaropi estreia em sua primeira peça de teatro, chamada “A Herança do Padre João”. Mazzaropi consegue convencer seus pais a seguir turnê com sua companhia e a atuarem como atores. A “Troupe Mazzaropi” percorre muitos municípios do interior de São Paulo, mas não há dinheiro para melhorar a estrutura da companhia. Com a morte da avó materna, dona Maria Pita Ferreira, Mazzaropi recebe uma herança suficiente para comprar um telhado de zinco para seu pavilhão, podendo assim estrear na capital, com atuações elogiadas por jornais paulistanos. Depois, parte com a companhia em turnê pelo Vale do Paraíba. A grave situação de saúde de seu pai complica a situação financeira da companhia de teatro. Bernardo Mazzaropi morre. Dias após a morte de seu pai, estreia no “Teatro Oberdan” ao lado de Nino Nello, sendo ator e diretor da peça “Filho de Sapateiro, Sapateiro Deve Ser”, acolhida com entusiasmo pelo público. Mazzaropi, convidado por Dermival Costa Lima da "Rádio Tupi", estreia o programa dominical “Rancho Alegre”, encenado ao vivo no auditório da emissora no bairro do Sumaré e dirigido por Cassiano Gabus Mendes. Este mesmo programa estreou na TV Tupi, mas agora contava com a coadjuvação dos atores João Rostiffe e Geny Prado. Mazzaropi tinha um hobby, gostava de cantar valsa, MPB e seresta com os seus amigos. Convidado por Abílio Pereira de Almeida e Franco Zampari, Mazzaropi estreia seu primeiro filme, intitulado “Sai da Frente”, rodado pela “Companhia Cinematográfica Vera Cruz” onde produziria mais dois filmes. Com as dificuldades financeiras da "Vera Cruz", Mazzaropi faz mais cinco filmes por diversas produtoras. Mazzaropi vende sua casa e cria a “PAM Filmes” ("Produções Amácio Mazzaropi") e passa não só a produzir, mas distribuir os filmes em todo o Brasil. O primeiro filme da nova produtora é “Chofer de Praça”. Convidado por José Bonifácio de Oliveira Sobrinho, mais conhecido como Boni, na época na TV Excelsior de São Paulo, a fazer um programa de variedades que fica anos no ar. Mazzaropi começa a produzir um de seus filmes mais famosos, “Jeca Tatu”, que estreia nos cinemas no ano seguinte. Mazzaropi adquire uma fazenda onde inicia a construção de seu primeiro estúdio de gravação, que produziria seu primeiro filme em cores, “Tristeza do Jeca”, que foi também o primeiro filme veiculado na televisão pela TV Excelsior, ganhando os prêmios de melhor ator coadjuvante para Genésio Arruda, e melhor canção. Cinco anos mais tarde, lança o filme “O Corintiano”, recorde de bilheteria do cinema nacional. É recebido pelo então presidente da "República", o general Emílio Garrastazu Médici, ao qual pede mais apoio ao cinema brasileiro. Mazzaropi produz “Portugal, Minha Saudade”, com cenas gravadas no Brasil e em Portugal. Em seguida, começa a construir em Taubaté um grande estúdio cinematográfico, uma oficina de cenografia e um hotel para os atores e técnicos. A partir de então produz e distribui mais cinco filmes. Seu trigésimo terceiro filme, “Maria Tomba Homem”, nunca seria terminado. Mazzaropi nunca se casou, mas, segundo declarações de seu filho André Mazzaropi, nutriu durante a vida um amor "platônico" pela apresentadora e amiga Hebe Camargo. Mazzaropi deixou um filho adotivo, Péricles Mazzaropi. O “Museu Mazzaropi” localizado na mesma propriedade dos antigos estúdios, recolhendo a história da carreira de um dos mais consagrados nomes do cinema, do teatro e da televisão brasileiros. Foi somente anos depois de sua morte que a cultura brasileira começou a ver de uma outra ótica a obra de Mazzaropi, que durante sua vida sempre foi duramente atacado (ou ignorado) pela crítica e pela intelectualidade. Mazzaropi morreu de um câncer na medula óssea.